sábado, 2 de novembro de 2013

Governos estão perdidos diante dos black blocs

É por causa da atitude dúbia, pusilânime e covarde do ministro Gilberto Carvalho, ao querer dialogar com os black blocs, acobertada por ideólogos petistas com ideias confusas como as do sociólogo André Singer, professor da Universidade de S. Paulo e ex-porta-voz do presidente Lula, na Folha de S. Paulo de hoje, que, sete meses depois que as manifestações de rua começaram, em abril, em Porto Alegre, onde os preços das passagens de ônibus caíram primeiro, as autoridades não sabem separar manifestantes democráticos de violentos.

Se é para dialogar com criminosos, por que não o Marcola e o Fernandinho Beira-Mar?

Ontem, a presidente Dilma Rousseff disse claramente o que são esses mascarados que promovem quebra-quebras: fascistas. Suas palavras precisam se transformar em prisões, processos e punições.

Quem pratica a violência, só aceitável numa sociedade democrática em legítima defesa, deve ser preso, processado e enjaulado. Se a Folha acha que réus que não cometeram crimes violentos, como os do Mensalão, não merecem ir para a cadeia, o mesmo não se pode falar dos black blocs.

A Grécia, por exemplo, se nega a acobertar os crimes da nova extrema direita europeia, no seu caso, o partido Aurora Dourada, que teve vários dirigentes e parlamentares presos por incitar à violência.

É simples. Não precisa mistificar. Todos sabem que o Brasil tem profundos problemas sociais que os governos petistas tangenciaram até agora, exatamente os que a população cobra nas ruas: mais educação, mais saúde, hospitais públicos que funcionem, transporte de massa nas grandes cidades e combate à corrupção.

Sinceramente, em qual desses setores alguém é capaz de apontar avanços sob os governos petistas? Lula chegou a dizer que o SUS funcionava bem. É o mesmo que Dilma dizendo que a miséria acabou. A quem querem enganar? Por quanto tempo?

Quem está fechando os espaços de manifestação pública são justamente os anarquistas de Internet: não têm propostas, não têm ideologia, a não ser um vago anticapitalismo inconsequente que se limita a atacar símbolos do poder, mas ganharam a batalha das ruas, expulsando os manifestantes com reivindicações legítimas.

É lamentável que intelectuais passem a mão na cabeça de quem comete crimes e expulsou os democratas da rua para travar suas batalhas campais com a polícia, extremamente violenta e incompetente. Foram necessários sete meses para o ministro da Justiça e os secretários de Segurança tomarem uma atitude conjunta.

É muita incompetência de alto a baixo, além de incorporar uma visão messiânica, mística e religiosa segundo a qual "a História marcha para o socialismo", embora tudo aponte noutra direção desde a queda do Muro de Berlim.

Em artigo sobre a reeleição de Angela Merkel, lamentando a vitória conservadora na Alemanha, Singer pressupôs há duas semanas que a esquerda tem o monopólio da bondade. Se o objetivo de qualquer governo é promover o bem-estar social, na Ásia, o capitalismo tirou 800 milhões de pessoas da miséria nas últimas décadas, sobretudo na China, na Índia, na Indonésia e no Vietnã.

O que a esquerda latino-americana tem a contrapor? Dezenas de milhões saíram da miséria com programas de transferência de renda que avassalam as pobres sem emancipá-los, ensinando-os a se sustentar com seus próprios meios. A crise econômica causada pela incompetência da esquerda atrasada latino-americana em promover o crescimento econômico ameaça esses logros, que não são conquistas porque não se sustentam.

Se o projeto da esquerda é a emancipação humana, o capitalismo está ganhando a parada.

Basta ver a Venezuela, onde o patético presidente Nicolás Maduro está vendo a imagem de Hugo Chávez se formar por milagre nas paredes do metrô em obras. A idiotia latino-americana não tem limites. É deste lado que os governos petistas se colocaram por opção.

Mais desanimador ainda para a esquerda é a incapacidade do presidente socialista François Hollande de tomar qualquer medida capaz de tirar a França da crise e da decadência. Onde estão as ideias esquerdistas do único país europeu que tentou sair da crise pela esquerda? 

Só uma social-democracia moderada que aceite a economia de mercado, como no governo de Gerhard Schröder, na Alemanha, será capaz de preservar modelo europeu, a chamada economia social de mercado, diante da concorrência dos asiáticos.

Em vez de seguir esse caminho, no Brasil uma esquerda sem rumo sonha numa relação estratégica com a China, na prática uma relação neocolonialista em que vendemos produtos primários e compramos industrializados, bajula ditadores e flerta com o bolivarismo, que está em colapso na Venezuela.

A grande questão da esquerda pós-muro é se a democracia é um valor fundamental ou se é apenas uma etapa para a tomada do poder. Parece-me evidente que o PT e a esquerda latino-americana de modo geral ainda não resolveram esta questão.

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