O regime comunista da China decidiu relaxar a política de controle da natalidade que só permitia, desde 1978, que cada casal tenha apenas um filho, anunciou hoje a agência oficial de notícias Nova China. A partir de agora, os casais poderão ter dois filhos se o marido ou a mulher for filho único.
Quando os comunistas tomaram o poder, em 1º de outubro de 1949, a China tinha cerca de 500 milhões de habitantes. O comandante Mao Tsé-tung estimulou o crescimento populacional.
Os dirigentes chineses consideravam inevitável uma guerra nuclear tanto que fizeram uma rede de cidades subterrâneas para servir de abrigos antiaéreos. Quando os sobreviventes saíssem dos abrigos, de cada quatro ou cinco habitantes do planeta arrasado um seria chinês.
Ao lançar suas reformas modernizantes e a abertura econômica que levou a China a ser a segunda maior potência econômica do planeta rumo ao primeiro lugar, em 1978, Deng Xiaoping considerava a explosão demográfica um obstáculo ao desenvolvimento econômico e introduziu a política do filho único.
Como numa sociedade machista e patriarcal começou a haver assassinato de meninas recém-nascidas, em algumas zonas rurais, a política do filho único tinha sido relaxada há décadas.
Uma das formas estudadas agora foi reduzir os subsídios à educação e à saúde. A partir do segundo filho, os casais teriam de pagar o custo real dos serviços. Isso permitiria que a classe média urbana ascendente pudesse ter mais filhos.
A fórmula anunciada hoje preserva o igualitarismo que está na base da ideologia comunista, em que pese a crescente desigualdade econômica decorrente do crescimento acelerado dentro do sistema capitalista.
Nessa semana, o Terceiro Pleno do atual Comitê Central do Partido Comunista mudou o papel do mercado de "básico" para "decisivo" na promoção do desenvolvimento econômico. Os chineses inventaram o conceito de "economia de mercado socialista" para adaptar o desenvolvimento capitalista ao regime supostamente socialista.
Intrigada, a Enciclopédia Britânica mandou emissários pedindo a Deng para esclarecer de que se tratava. O então dirigente máximo chinês alegou que "o mercado é anterior ao capitalismo", assim o capitalismo não teria o monopólio da economia de mercado.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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