Os Estados Unidos vão destruir no mar parte das armas químicas entregues pela ditadura de Bachar Assad para evitar um bombardeio à Síria, anunciou hoje a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), encarregada de executar e fiscalizar a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Uso de Armas Químicas e sua Destruição.
A hidrólise será usada para neutralizar os agentes químicos mais letais, a partir de 31 de dezembro de 2013. A tarefa para destruir completamente o arsenal químico da Síria deve levar anos. Há vários riscos envolvidos, mas não há garantia absoluta de que o regime sírio não tenha escondido uma parte de suas armas químicas nem que não vá mais usá-las.
Em setembro de 2012, o presidente americano, Barack Obama, advertiu Assad de que uso de armas químicas seria uma linha vermelha. Se o regime sírio atacasse os rebeldes que tentam derrubar o governo desde 15 de março de 2011, os EUA interviriam militarmente na guerra civil da Síria.
Logo depois de um ataque com armas químicas contra o bairro de Guta, na periferia de Damasco, a capital síria, em 21 de agosto numa área que o Exército tentava recuperar, a Síria negou responsabilidade, atribuindo a ação aos rebeldes. Mas o governo dos EUA afirmou ter provas conclusiva da culpa de Assad e começou a articular uma resposta armada com suas aliados europeus.
A França imediatamente apoiou um bombardeio para punir Assad pelo uso de armas químicas, mas o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, não conseguiu autorização do Parlamento Britânico para usar a força antes da conclusão das investigações da ONU. Cameron entendeu que os deputados refletiam a oposição da opinião pública a uma ação armada e desistiu.
Quando o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou em Londres que a única maneira de evitar um ataque seria a entrega pela Síria de todo o arsenal químico à OPAQ para destruição, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se dispôs a mediar a questão com o governo sírio. Assad concordou em entregar as armas.
Ainda há dúvidas se a Síria realmente revelou a lista completa dos locais de produção e estocagem dar armas proibidas. O recuo de Obama tem sido interpretado como um sinal de fraqueza, a ponto da revista Forbes escolher Putin como o homem mais poderoso do mundo, uma piada de mau gosto.
Se o objetivo de Obama era evitar o uso de armas químicas, pelo menos temporariamente ele conseguiu. Afinal, como disse Sun Tzu em A Arte da Guerra, a maior vitória na guerra é derrotar o inimigo moralmente fora do campo de batalha, ou seja, na guerra moderna, sem disparar um tiro. Isso não é sinal de fraqueza.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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