Depois de um ano e meio, a República Democrática do Congo anunciou hoje a vitória sobre os rebeldes do grupo M23, forçados a deixar as últimas cidades que ainda controlavam no Leste do país. "Muitos combatentes estão se rendendo", declarou um porta-voz governamental. "Militarmente, o M23 está acabado".
Horas depois, o líder rebelde, Bertrand Bisinway, emitiu um comunicado ordenando seus milicianos a abandonar as armas: "O chefe do comando geral e os comandantes das principais unidades devem preparar as forças para desarmamento, desmobilização e reintegração nos termos acertados com o governo do Congo", citou a agência Reuters.
O comandante militar do M23, Sultani Makenga, deve ter fugido para Ruanda ou Uganda, países vizinhos acusados pela missão de paz das Nações Unidas, chefiada pelo general brasileiro , de apoiar a insurgência.
A rebelião do M23 começou em abril de 2012, em protesto contra a maneira como o governo congolês realizou o desarmamento de milícias previsto num acordo de paz firmado em 2009, lembra a televisão pública britânica BBC. Os rebeldes chegaram a tomar Goma, a maior cidade da região, por pouco tempo. Cerca de 800 mil pessoas fugiram de casa para escapar do conflito.
É uma guerra civil que teve origem no genocídio de Ruanda, em 1994. Quando a Frente Patriótica de Ruanda derrubou o governo da maioria hutu, em abril daquele ano, o Exército em fuga matou pelo menos 800 mil pessoas da minoria tútsi e hutus moderados.
O novo governo de Ruanda se aliou então aos baniamulengue, os tútsis do Leste do Congo, para manter os hutus à distância. Essa luta deflagrou uma guerra civil no Zaire, nome do Congo na época. Com a queda do ditador Joseph Mobutu, em 1997, o país adotou seu antigo nome, mas caiu num conflito brutal conhecido como a Primeira Guerra Mundial Africana, que deixou 5,4 milhões de mortos em combates ou de fome e doenças causadas pela guerra.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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