Num desafio ao governo surgido do golpe militar de 3 de julho de 2013, o presidente deposto Mohamed Mursi rejeitou hoje a jurisdição do tribunal onde começou a ser julgado e declarou que ainda é o chefe de Estado legítimo do Egito. O julgamento foi adiado até 8 de janeiro.
Mursi foi levado de helicóptero de uma prisão militar para o tribunal onde está sendo julgado pelo assassinato de 10 pessoas, em dezembro de 2012, e por incitar à violência. Foi sua primeira aparição em público desde o golpe.
"Sou o Dr. Mohamed Mursi, presidente da República. Eu sou o presidente legítimo do Egito. Vocês não tem o direito de julgar matérias presidenciais", declarou o líder deposto, que estava de terno por se negar a usar roupa de presidiário. Os outros 14 réus gritavam: "Abaixo o regime militar!"
Primeiro presidente eleito democraticamente da História do Egito, Mursi representa a Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano do mundo, fundado em 1928 para resgatar os valores religiosos tradicionais abalados pelo colonialismo europeu. Seu governo durou um ano e foi acusado de intolerância e abuso de poder.
Depois de uma onda de manifestações de protesto da oposição secular, há quatro meses o Exército decidiu afastar Mursi, provocando uma série de confrontos e protestos que deixaram mais de mil mortos. A Irmandade Muçulmana e seu partido político foram colocados na ilegalidade e vários dirigentes foram presos.
Em visita ao Cairo ontem, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu um julgamento justo para Mursi.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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