O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu calma depois que a Venezuela rompeu relações diplomáticas com a Colômbia e decretou estado de "alerta máximo" na fronteira entre os dois países.
Na semana passada, a Colômbia acusou a Venezuela de abrir guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Ficou de apresentar provas à OEA hoje, mas aparentemente não mostrou nada mais consistente.
Irritado, ao lado de Diego Maradona, que visitava Caracas, Chávez declarou publicamente o rompimento de todas as relações com a Colômbia e deu 72 horas para os diplomatas colombianos deixarem a Venezuela.
A ruptura é talvez a última salva de tiros do presidente Álvaro Uribe contra Chávez, que o acusa de ser ponta de lança dos interesses dos Estados Unidos na América do Sul por causa do apoio de Washington ao combate às guerrilhas de esquerda e ao tráfico de drogas na Colômbia.
Uribe acusou a Venezuela de acobertar guerrilheiros colombianos para reafirmar que há uma questão de fundo na crise entre os dois países. Quis dizer que não é uma questão pessoal entre ele e o caudilho venezuelano. Acabou deixando uma batata quente para seu sucessor, o presidente Juan Manuel Santos, que toma posse em 7 de agosto.
Como Santos terá de contornar o problema e não quer começar o governo com uma crise diplomática, é provável que adote uma atitude moderada, o que reforçaria a ideia de que o problema está em Uribe.
O atual presidente deixa o cargo com alta popularidade por ter combatido a guerrilha com eficiência, tendo Santos como ministro da Defesa. Desde 2002, Uribe nega legitimidade democrática à guerrilha para negociar com o governo.
Chávez, por sua vez, considera as FARC um movimento político legítimo. Já pediu seu reconhecimento como uma "força rebelde". Por causa da presença militar dos EUA em sete bases colombianas, impôs um embargo comercial a importações da Colômbia que beneficia o Brasil, mas é danoso às relações bilaterais.
Enquanto o presidente da Bolívia, Evo Morales, acusava a Colômbia de ser uma "colônia" dos EUA e de querer provocar uma guerra, o presidente do Equador, Rafael Correa, prometia convocar uma reunião de cúpula da União das Nações da América do Sul (Unasul) para discutir a crise.
O presidente Lula falou com Chávez e pediu uma solução negociada. Já o assessor especial da Presidência da República para relações internacionais, Marco Aurélio Garcia, falou como se o mais prudente fosse esfriar os ânimos e esperar a melhoria das relações entre Colômbia e Venezuela depois da posse de Santos.
Uribe tentou deixar claro que a briga não é entre ele e Chávez, deve-se a problemas de fundo das relações bilaterais como o apoio (pelo menos) político que o caudilho venezuelano dá à guerrilha colombiana.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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