quinta-feira, 29 de julho de 2010

Empresas britânicas criticam restrições à imigração de profissionais qualificados

LONDRES - O empresariado britânico é contra a proposta do governo de coalizão conservador-liberal-democrata de limitar a imigração mesmo de profissionais altamente qualificados.

Algumas empresas seriam impedidas de contratar não europeus, o que foi descrito como uma "insanidade econômica" por Jo Valentine, da London First, uma empresa que representa muitas companhias do Índice Financial Times 100, o principal da Bolsa de Valores de Londres.

"Uma série de empresas do setor financeiro teve sua alocação reduzida a zero", confirmou o chefe da imigração em Clifford Chance, John Skitt, em entrevista ao FT.

Menos de três meses depois das eleições, a coligação de governo enfrenta sérias divisões marcadas pelas posições políticas dos dois partidos.

Há uma revolta na bancada conservadora contra a convocação de um plebiscito para mudar o sistema eleitoral, introduzindo o voto proporcional, uma exigência dos liberais-democratas para participar do governo. Cerca de 55 deputados ameaçam votar contra.

O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte adota o voto distrital em turno único. Vai para o parlamento o mais votado em cada um dos 645 distritos eleitorais em que se divide o país.

Sem segundo turno que permitiria aos partidos menores participar de coligações, esse sistema cria um bipartidarismo. Na última hora, peso o voto útil.

Como o ministério paralelo da oposição trabalhista decidiu rejeitar a proposta de reforma do sistema de votação, a direita conservadora já tem um aliado para bagunçar o primeiro governo de coalizão na Grã-Bretanha em 36 anos.

Na questão migratória, são os conservadores que exigem medidas para aplacar sua fúria contra os estrangeiros. É o falso nacionalismo dos velhacos.

Durante a campanha, o líder liberal-democrata e agora vice-primeiro-ministro Nick Clegg, disse ao primeiro-ministro conservador David Cameron que mais de 80% dos imigrantes não podem ser impedidos de entrar no país por serem cidadãos da Unão Europeia.

O europeísmo e a liberalidade com a imigração sempre foram temas centrais da plataforma do Partido Liberal Democrata britânico, exatamente o contrário do que defendem as bases do Partido Conservador.

Por isso, a direita conservadora já apelidou o governo de coalizão de Brokeback, numa referência ao filme que contava a história de dois cowboys gays.

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