LONDRES - O empresariado britânico é contra a proposta do governo de coalizão conservador-liberal-democrata de limitar a imigração mesmo de profissionais altamente qualificados.
Algumas empresas seriam impedidas de contratar não europeus, o que foi descrito como uma "insanidade econômica" por Jo Valentine, da London First, uma empresa que representa muitas companhias do Índice Financial Times 100, o principal da Bolsa de Valores de Londres.
"Uma série de empresas do setor financeiro teve sua alocação reduzida a zero", confirmou o chefe da imigração em Clifford Chance, John Skitt, em entrevista ao FT.
Menos de três meses depois das eleições, a coligação de governo enfrenta sérias divisões marcadas pelas posições políticas dos dois partidos.
Há uma revolta na bancada conservadora contra a convocação de um plebiscito para mudar o sistema eleitoral, introduzindo o voto proporcional, uma exigência dos liberais-democratas para participar do governo. Cerca de 55 deputados ameaçam votar contra.
O Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte adota o voto distrital em turno único. Vai para o parlamento o mais votado em cada um dos 645 distritos eleitorais em que se divide o país.
Sem segundo turno que permitiria aos partidos menores participar de coligações, esse sistema cria um bipartidarismo. Na última hora, peso o voto útil.
Como o ministério paralelo da oposição trabalhista decidiu rejeitar a proposta de reforma do sistema de votação, a direita conservadora já tem um aliado para bagunçar o primeiro governo de coalizão na Grã-Bretanha em 36 anos.
Na questão migratória, são os conservadores que exigem medidas para aplacar sua fúria contra os estrangeiros. É o falso nacionalismo dos velhacos.
Durante a campanha, o líder liberal-democrata e agora vice-primeiro-ministro Nick Clegg, disse ao primeiro-ministro conservador David Cameron que mais de 80% dos imigrantes não podem ser impedidos de entrar no país por serem cidadãos da Unão Europeia.
O europeísmo e a liberalidade com a imigração sempre foram temas centrais da plataforma do Partido Liberal Democrata britânico, exatamente o contrário do que defendem as bases do Partido Conservador.
Por isso, a direita conservadora já apelidou o governo de coalizão de Brokeback, numa referência ao filme que contava a história de dois cowboys gays.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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