domingo, 19 de janeiro de 2020

Conferência em Berlim tenta abrir caminho para a paz na Líbia

Doze países com interesses na Líbia decidiram hoje respeitar um embargo à venda de armas, retirar o apoio militar às partes em luta e pressionar os dois governos paralelos do país a negociar um total cessar-fogo. 

Este foi o resultado da Conferência de Berlim, convocada pela chancelar (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, para encaminhar uma solução para a guerra civil na Líbia.

Os líderes das duas facções, Fayez al-Sarraj, do Governo do Acordo Nacional, reconhecido internacionalmente, e o marechal Khalifa Hifter, do Exército Nacional da Líbia, foram à capital alemã, mas não sentaram na mesa da conferência.

"Todas as partes ligadas de uma forma ou de outra ao conflito precisam falar com uma só voz, porque as partes dentro da Líbia precisam entender que a única saída não é militar. Conseguimos isto aqui", declarou Merkel.

Participaram o presidente da França, Emmanuel Macron, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, os primeiros-ministros da Itália, Giuseppe Conte, e do Reino Unido, Boris Johnson, e os ditadores da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

As deliberações da conferência devem ser referendadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Hiftar e Sarraj ficaram de indicar membros para um comitê militar que vai negociar um cessar-fogo permanente.

Este comitê deve se reunir em Genebra, na Suíça, nos próximos dias, anunciou o secretário-geral da ONU, António Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal. "Temos uma trégua", comentou ele.

Guterres destacou a importância da conferência para evitar uma escalada regional do conflito depois que a Turquia anunciou o envio de tropas para lutar ao lado do Governo do Acordo Nacional. Hiftar controla o Leste da Líbia, inclusive Bengázi, segunda maior cidade do país. Tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos.

A Líbia está em estado de anarquia desde a queda e a morte do ditador Muamar Kadafi, em 2011, depois de governar o país por 42 anos. Uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, com a aprovação do Conselho de Segurança da ONU, impediu Kadafi de massacrar a rebelião em Bengázi e selou a sorte do ditador.

Faltou uma missão internacional de paz para reconstruir o país, criar Forças Armadas, desarmar as milícias, organizar partidos, eleições e a sociedade civil. Os líbios não queriam uma operação terrestre da OTAN, tendo em vista o que aconteceu no Iraque.

Em tese, uma força internacional de paz árabe resolveria o problema por entender a língua e a cultura locais. As diferentes posições e interesses dos países árabes no conflito impediram a organização da missão de paz. A intervenção na Líbia foi um dos fracassos recentes da ONU e da chamada Primavera Árabe.

Nenhum comentário: