O presidente Donald Trump iniciou hoje sua segunda viagem ao exterior manifestando apreço por governos autoritários e desprezo pelo livre comércio e pelos tradicionais aliados democráticos dos Estados Unidos. Depois de encontro com o governo de ultradireita da Polônia, criticou os acordos comerciais feitos pelos EUA como "uns dos piores na história" e defendeu a realização de acordos bilaterais, o que minaria o processo da integração da União Europeia (UE).
Com um discurso agressivo em Varsóvia, Trump questionou se o Ocidente está pronto a "defender nossa civilização" contra o "terrorismo radical islâmico" que "ameaça nossa civilização e nosso estilo de vida", embora o jihadismo não seja um desafio estratégico. Não é capaz de tomar o poder em escala global.
Quanto ao livre comércio, o presidente ignora a história e ataca a ordem internacional liberal criada pelos EUA no pós-guerra por inspiração do presidente Franklyn Roosevelt para evitar novas guerras mundiais.
Trump acredita que pode usar o poder econômico dos EUA para negociar acordos bilaterais mais favoráveis ao país. Ignora o pesadelo regulatório que isso significaria para empresas, enquanto os acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) se aplicam a seus 164 países-membros.
Ele criticou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com quem deve se encontrar durante a reunião de cúpula do Grupo dos 20 (19 maiores economias do mundo e a UE): "Estamos trabalhando com a Polônia para conter a ação desestabilizadora da Rússia." Na entrevista coletiva, declarou que "ninguém sabe realmente" se a Rússia interveio na eleição presidencial nos EUA, embora haja uma investigação a respeito.
Em discurso na Praça Kasinski, onde há um monumento em homenagem ao Levante Polonês contra os nazistas em 1944, Trump elogiou a resistência da Polônia depois de séculos de divisão do país entre Alemanha, Áustria e Rússia, da ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial e da imposição de um regime comunista pela União Soviética no pós-guerra.
O presidente americano elogiou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como "exemplo de luta pela liberdade" e um "resumo da coragem e da vontade de defender nossa civilização". Mas não criticou o atual governo, acusado de perseguir juízes, jornalistas e oposicionistas, revelando mais uma vez sua predileção por governos fortes e autoritários sem grande apreço pelas liberdades individuais.
Trump não foi ao museu em homenagem às vítimas do Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943, a maior rebelião de judeus contra o Holocausto. Sua filha Ivanka visitou o museu ontem.
As palavras mais duras de Trump foram dirigidas à Coreia do Norte, que testou um míssil balístico intercontinental balístico em 4 de julho, Dia da Independência dos EUA: "Não gosto de falar sobre o que estamos planejando, mas estamos pensando sobre coisas bem graves", advertiu, acenando com a possibilidade de uma ação militar contra a ditadura comunista de Pionguiangue. "Eles estão se comportando de maneira muito, muito séria e algo precisa ser feito a respeito."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Trump chega à Europa com mensagem hostil à União Europeia
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