Depois de mais de 12 horas, o presidente Donald Trump reagiu à notícia do jornal The New York Times de que seu filho manteve contatos com o governo da Rússia para obter informações capazes de prejudicar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton na eleição presidencial do ano passado nos Estados Unidos.
"Meu filho é uma pessoa de muitas qualidades e eu aplaudo sua transparência", declarou a porta-voz da Casa Branca Sarah Huckabee Sanders, lendo uma declaração do presidente.
Donald Trump Jr. divulgou hoje as mensagens de correio eletrônico trocadas com um intermediário que negociou um encontro com uma advogada russa que se apresentou como uma pessoa com informações capazes de ajudar seu pai na disputa eleitoral. Só fez isso depois que o jornal anunciou que iria publicá-los.
Os documentos oferecidos pelo Kremlin supostamente "incriminariam Hillary em seus negócios com a Rússia e seriam muito úteis a seu pai", disse o intermediário, o britânico Rob Goldstone, acrescentando: "Isso é obviamente informação sensível de altíssimo nível, mas é parte do apoio do governo russo a Trump."
"Eu amaria isso", respondeu Trump Jr. Goldstone, ex-repórter de jornal sensacionalista, é produtor musical e agente de um músico russo filho de um empresário ligado ao Kremlin.
Quatro dias depois da troca de e-mails, foi proposto um encontro em Nova York com "uma advogada do governo russo", Natalia Vesselnitskaya. Além de Trump Jr., participaram da reunião o genro e hoje assessor especial de Trump, Jared Kushner, e o coordenador da campanha, Paul Manafort, mas a advogada russa parecia mais interessada numa lei americana específica e não deu munição para atacar Hillary.
Desde julho do ano passado, o FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, investiga a interferência indevida da Rússia na eleição americana e um possível conluio com a campanha de Trump para eleger um candidato mais favorável ao Kremlin.
Para os analistas de espionagem, esse é o método clássico usado pelos agentes russos. A advogada é supostamente uma funcionária subalterna, sem vínculo direto com o Kremlin. Os serviços secretos mandam na Rússia e são superpoderosos.
O presidente Vladimir Putin foi diretor do Serviço Federal de Segurança, sucessor da polícia política da União Soviética, KGB (Comitê de Defesa do Estado). Estava em Dresden, na Alemanha Oriental, quando caiu o Muro de Berlim, em 1989, e considera o fim da URSS, em 1991, a "maior catástrofe geopolítica do século 20".
Na sua luta para restaurar pelo menos parte do poder imperial soviético, Putin trava uma guerra permanente contra o liberalismo e a democracia ocidental. O apoio a Trump, assim como à líder neofascista Marine Le Pen, na França, fazem parte da mesma estratégia antiliberal.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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