A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, repudiou hoje o resultado das eleições convocadas ilegalmente pelo ditador Nicolás Maduro para formar uma Assembleia Nacional Constituinte a assim usurpar os poderes da Assembleia Nacional eleita democraticamente, dominada pela oposição, informou o jornal venezuelano El Nacional.
"Dirijo-me ao país na condição de procuradora-geral e membro do Conselho Moral Republicano para desconhecer os supostos resultados desta Constituinte presidencial", declarou Luisa Ortega em entrevista coletiva. "O que anunciaram foi uma burla ao povo e sua soberania, enquanto dão muito poder a uma minoria."
Ela afirmou que os resultados oficiais divulgados ontem pelo Conselho Nacional Eleitoral, dominado pelo regime chavista, só beneficiam o governo para que se mantenha no poder. Também previu que a Constituinte de Maduro só vai agravar a crise política, econômica e social.
Luisa Ortega foi contra a convocação de uma Constituinte desde que Maduro apresentou a ideia. Um dos argumentos para denunciar a ilegalidade e ilegitimidade da manobra é a exigência de um plebiscito, de uma consulta popular. Sem apoio popular, Maduro atropelou a Constituição e convocou a Constituinte assim mesmo.
A procuradora-geral alegou ainda que a Constituição da República Bolivarista da Venezuela, aprovada em 1999 sob a inspiração do então presidente Hugo Chávez, é uma conquista da "revolução" e deve ser preservada em homenagem ao finado caudilho.
Em resposta, o governo usurpou seus poderes, congelou seus bens e propriedades, e a proibiu de deixar a Venezuela.
Mais de 120 pessoas foram mortas nas manifestações de rua realizadas todos os dias desde o começo de abril. A Venezuela está à beira de uma guerra civil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
Procuradora-geral denuncia ilegitimidade da Constituinte na Venezuela
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