O Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos declarou hoje que a política em relação a transgêneros não vai mudar enquanto o presidente Donald Trump não enviar ordens diretamente ao Departamento da Defesa, o Pentágono.
"Não haverá mudanças na atual política até que a ordem do presidente seja recebida pelo secretário da Defesa e que o secretário dê as orientações para implementá-la", afirmou o comandante do Estado-Maior, general Joseph Dunford. "Vamos continuar a tratar todo o nosso pessoal com respeito."
Ontem, o presidente Trump anunciou no Twitter o veto à participação de transgêneros nas Forças Armadas, rompendo uma promessa de campanha de proteger a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) da discriminação e do preconceito.
Trump alegou que a medida tem alto custo e afeta a disciplina dos militares. Não há nenhum estudo que corrobore essa ideia. O presidente disse ter consultado assessores e generais, mas o secretário da Defesa, James Mattis, foi informado depois do tuíte.
É mais uma iniciativa de Trump para destruir o legado do governo Barack Obama, que acabou com uma política hipócrita conhecida como "não pergunte, não conte". Ela permitia a presença de LGBTs nas Forças Armadas dos EUA desde que não assumissem publicamente sua homossexualidade ou bissexualidade.
Assim, se um militar voltando de uma frente de guerra fosse recebido na volta por seu parceiro, não poderia abraçar nem fazer gestos efusivos de carinho e afeto. Obama acabou com isso.
Sob pressão de sua base conservadora, contrária ao uso de dinheiro público para financiar cirurgias de mudança de sexo, Trump foi muito além do esperado.
O senador republicano John McCain, veterano da Guerra do Vietnã, onde foi prisioneiro de guerra, criticou o presidente dizendo que todo cidadão americano que quiser servir às Forças Armadas e for considerado apto nos testes deve ter esse direito e ser considerado um patriota.
Há estimativas do total de transgêneros militares que vão de 2,5 mil a 16 mil. O dinheiro gasto pelo Pentágono com cirurgias para mudar de sexo é cinco vezes menos do que a despesa com medicamentos contra a impotência sexual.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Estado-Maior reage a veto de Trump a transgêneros nas Forças Armadas
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