Por dez a zero, com cinco abstenções, do Brasil, da Alemanha, da Índia, da China e da Rússia, os dois últimos membros permanentes com direito de veto, o Conselho de Segurança das Nações Unidas acaba de aprovar uma resolução que autoriza o uso da força contra o ditador Muamar Kadafi, da Líbia.
A resolução permite impor uma zona de proibição de voo, fechando o espaço aéreo da Líbia para que o coronel seja impedido de bombardear seu próprio povo, e o "uso de todas as medidas necessárias" para proteger a população civil da ditadura. Mas não autoriza invasão por terra nem ocupação.
O ministro do Exterior da França, Alain Juppé, foi pessoalmente à reunião do Conselho de Segurança para defender o projeto de resolução, apresentado por seu país, o Líbano e o Reino Unido.
Talvez ainda nesta noite as aviações de guerra da França e do Reino Unidos bombardeiem as forças de Kadafi, que se aproximam de Bengázi, a segunda maior cidade líbia. Dois países árabes também devem participar.
A expectativa é que os EUA não atuem na linha de frente para não ser acusados de atacar mais um país muçulmano. O governo Barack Obama, comprometido a acabar com as guerras no Iraque e no Afeganistão, relutou em seu envolver em mais uma guerra.
Quem tomou a iniciativa da resolução foram a França e o Reino Unido. Ontem, os EUA apresentaram uma versão mais dura, autorizando o "uso de todos os meios possíveis" para proteger a população civil, além de sanções adicionais contra membros do regime líbio.
Neste momento, em que Kadafi domina a situação no campo de batalha e se prepara para atacar a capital dos rebeldes, a simples proibição de voo não seria suficiente. Com a autorização para o "uso de todos os meios necessários, as Forças Armadas, a polícia, as milícias e os mercenários de Kadafi para a ser alvos para os caças-bombardeiros das antigas potências coloniais da Europa.
Os embaixadores do Reino Unido e da Alemanha, que acabaram de falar, disseram que a resolução é um sinal claro de que Kadafi perdeu toda legitimidade e deve deixar o poder.
Agora, a embaixadora dos Estados Unidos, Susan Rice, afirma que o Conselho age para proteger a vida humana. As medidas incluem uma zona de exclusão aérea, e o direito de atacar todas as forças, os agentes e os mercenários de Kadafi, além do congelamento dos bens de mais sete pessoas.
"O futuro da Líbia deve ser decidido pelo povo da Líbia", concluiu Susan Rice. "Os EUA estão com o povo da Líbia."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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