Em 24 horas de ofensiva no Vale do Swat, o Exército do Paquistão anunciou ter matado pelo menos 143 rebeldes da milícia fundamentalista dos talebã, rompendo uma trégua negociada no mês passado em troca da introdução da charia, a lei islâmica, na região.
A ofensiva foi lançada depois que os talebã invadiram o distrito de Buner, a 100 quilômetros da capital paquistanesa, Islamabad, provocando temor no Ocidente de que os jihadistas pudem derrubar o governo e ter acesso às armas nucleares do único país muçulmano que as possui.
O governo paquistanês minimou esse risco, dizendo que os cerca de 500 rebeldes que invadiram Buner exigindo a aplicação do direito islâmico em todo o país, não ameaçam um Exército de 700 mil soldados.
Desde o ataque à Mesquita Vermelha, em Islamabad, que deixou pelo menos 174 mortos (mais de mil, segundo os extremistas), em julho de 2007, os militantes fundamentalistas declararam guerra do Estado paquistanês.
Em 27 de dezembro de 2007, mataram a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, primeira a única mulher a governar o Paquistão, quando ele fazia campanha para voltar à chefia do governo.
Em 20 de setembro de 2008, atacaram o Hotel Marriott em Islamabad. O alvo do atentado seria o então recém-eleito presidente Assif Ali Zardari, viúvo de Benazir, e o primeiro-ministro Youssef Raza Gilani, que participariam de um jantar no local naquele.
É claro, então, o desafio dos islamitas radicais ao governo civil democrático paquistanês. Apesar de tudo, o governo ainda negociou uma trégua com os talebã no Vale do Swat, no Noroeste do país, rompida com a ocupação de Buner, duramente criticada pelos Estados Unidos como uma rendição do Paquistão diante do fundamentalismo muçulmano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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