Em artigo publicado hoje no jornal inglês Financial
Times, Schaeuble alega que uma união fiscal só resolveria os aspectos
superficiais da crise. Na sua opinião, a única resposta é a austeridade fiscal.
O ministro desconsidera a importância da especulação financeira no agravamento
da crise das dívidas soberanas: “O fato indiscutível é que os gastos públicos
levaram a níveis insustentáveis de endividamento e os déficits agora ameaçam
nosso bem-estar econômico. Acumular mais dívidas agora vai impedir em vez de
estimular o crescimento a longo prazo”.
Para Schaeuble, “os governos dentro e fora da Eurozona precisam não
apenas se comprometer com a consolidação fiscal e o aumento da competitividade
– eles precisam começar a apresentar resultados agora”.
“Existe uma preocupação”, reconhece o ministro, “de que o reequilíbrio
das contas públicas, um setor público menor e mercados de trabalho mais
flexíveis reduzam a demanda a curto prazo”.
Ele argumenta ser necessário sofrimento a curto prazo em troca de ganhos
em longo prazo. Acredita que, a médio prazo, o aumento da confiança de
empresários e consumidores, e a redução no desemprego, compensem “qualquer
queda de consumo no curto prazo”.
Também é necessário uma reforma no sistema financeiro internacional para
que o risco não esteja divorciado do prejuízo causado por operações arriscadas
que derem errado, um dos fatores centrais da atual crise, acrescentou.
Portanto, concluiu Schaeuble, uma união fiscal “poderia agravar a crise
ao reduzir os incentivos para que os membros mais frágeis façam as reformas
necessárias”. Ele diz não ser contra uma união fiscal “legitimada por um forte
mandato democrático. Isso exigiria mudanças nos tratados constitutivos da União
Europeia, o que não vai acontecer de um dia para o outro”.
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