terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ex-agente diz que 11/9 poderia ter sido evitado

NOVA YORK - Em um livro de memórias, um ex-policial federal dos Estados Unidos acusa a competição entre os diferentes serviços secretos americanos de ter impedido de evitar os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, noticiou nessa segunda-feira o jornal americano The New York Times.

As Bandeiras Negras: a história secreta do 11/9 e da guerra contra Al Caeda, lançado nessa segunda-feira, foi escrito pelo ex-agente do FBI, a polícia federal americana, Ali Soufan. Ele denuncia uma sucessão de erros que teriam sido cometidos nas investigações sobre os atentados contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e no ataque contra o contratorpedeiro USS Cole, no Iêmen.

Soufan, um agente antiterrorista que fala árabe, acusa a CIA (Agência Central de Inteligência) de ter retido intencionalmente documentos e fotografias de militantes da Caeda que só foram repassados ao FBI depois de 11 de setembro de 2001, apesar de três pedidos formais por escrito.

Uma das alegações mais fortes do livro é a descrição de uma cena na Embaixada dos EUA no Iêmen. Poucas horas depois dos ataques contra Nova York e o Pentágono, a CIA entregou os documentos requisitados meses antes, inclusive as fotos de dois dos 19 terroristas suicidas responsáveis pela tragédia.

"Por cerca de um minuto, olhei atônito para as fotos e o relatório, quase não conseguindo acreditar no que tinha em mãos", afirma o autor. Ele correu para o banheiro e vomitou. "Todo o meu corpo tremia."

O relatório documentava uma reunião d'al Caeda na Malásia em janeiro de 2000. Soufan acredita que essas informações e o resultado da investigação sobre o USS Cole teriam permitido desarmar a conspiração.

Numa ocasião, o ex-agente estava interrogando Abdullah Tabarak no centro de detenção instalado na base naval de Guantânamo, um enclave americano em Cuba. Quando achava que poderia obter dados importantes, os militares o proibiram de falar com o prisioneiro, que foi enviado para o Marrocos e libertado.

Em outro momento, Soufan interrogou um militante conhecido como Batar, que levou o dote de Ossama ben Laden para o casamento do líder terrorista com uma jovem iemenita. Batar teria pedido para telefonar para a família. Os militares americanos rejeitaram o pedido. Soufan acredita que poderia ter conseguido uma pista capaz de levar a Ben Laden.

Para o autor, o maior erro foi a adoção pela CIA de técnicas brutais de interrogatório e tortura, sob ordens diretas da Casa Branca no governo George W. Bush.

Um porta-voz da CIA rejeitou as alegações de que a agência se negou a compartilhar informações antes dos atentados e defendeu os métodos de interrogatório, dizendo que permitiram "salvar vidas e desarmar conspirações inúmeras vezes" nos EUA e no exterior.


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