É a pior crise desde o início da união monetária europeia, aprovada no Tratado de Maastricht, em 1991. A moeda comum europeia entrou em circulação em 1999.
Um calote da dívida pública grega, hoje considerado praticamente inevitável, pode jogar Portugal na mesma situação e prejudicar a recuperação da Irlanda, que luta para pagar cada centavo de sua dívida em nome da credibilidade.
O euro faz parte de um projeto político, a integração europeia. Por isso, alguns países, especialmente a Grécia, foram aceitos, mesmo com debilidades macroeconômicas.
O colapso da união monetária seria um golpe muito forte. A UE voltaria a ser apenas uma zona de livre comércio.
Se a Europa, que dominou o mundo durante 500 anos, quiser permanecer sendo relevante no século 21, precisa criar uma espécie de EUA da Europa. Caso contrário, só a Alemanha terá peso.
Como ensina a História, é melhor uma Alemanha europeia do que uma Europa alemã.
A UE é também um projeto político transnacional e pós-nacional, um modelo muito interessante, adotado para mitigar os nacionalismos que causaram duas guerras mundiais.
Está em jogo o futuro do projeto europeu. Tem de dar certo.
O que está acontecendo no momento é que não conseguiram mais 100 bilhões de euros para dar novo empréstimo à Grécia. A Alemanha não quer pagar a conta. Isso está forçando a chamada reestruturação, uma renegociação com alongamento do prazo para pagar e um calote parcial. O Banco Central da Europa resiste porque vai atingir bancos e investidores de todo o continente .
Não há apoio político na Alemanha e nem na Grécia. A dívida precisa ser reduzida para ser pagável. Os investidores terão de aceitar um haircut, um corte de cabelo, como se diz em inglês no jargão do mercado financeiro. Terão de perder suas cabeleiras exuberantes. Entre eles, há bancos de todo o continente.
Mas o projeto europeu como um todo seria um fracasso da Alemanha e da França, e não da Grécia nem de Portugal. Não é impossível, mas não acredito nisso.
As crises da integração europeia historicamente são resolvidas com o fortalecimento da união e não com um recuo ao soberanismo dos estados nacionais. Neste caso, ficou evidente que para a união monetária funcionar não basta ter uma autoridade monetária comum, o BCE.
Uma união fiscal parece ser um passo necessário para a consolidação do euro e o resgate do projeto europeu como um todo.
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