Apesar dos protestos populares e da greve geral, por 155 a 138, o Parlamento da Grécia aprovou hoje um duro plano de ajuste das contas públicas do país. As medidas incluem cortes de gastos e aumentos de impostos no valor de 28 bilhões de euros (US$ 40 bilhões), cerca de R$ 64 bilhões, privatizações e a demissão de 150 mil funcionários públicos nos próximos cinco anos.
Uma derrota da proposta bloquearia a liberação de uma parcela de 12 bilhões do empréstimo oferecido no ano passado pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional e levaria a Grécia inevitavelmente a um calote que seria o primeiro na Zona do Euro. Isto teria um forte impacto sobre os outros países em dificuldade para pagar suas dívidas, como Portugal e Irlanda, e sobre bancos de todo o continente.
Só os bancos da Alemanha teriam 82 bilhões de euros em títulos da dívida grega, e os franceses, 68 bilhões.
Na França, o presidente Nicolas Sarkozy fez um acordo com os bancos para que eles aceitem uma troca de títulos gregos por novos papéis com prazos mais longos, a exemplo do que fez o Plano Brady para resolver a crise das dívidas externas da América Latina nos anos 80.
A liberação da parcela não resolve totalmente o problema grego. O mercado espera que o país deixe de honrar os pagamentos de sua dívida pública ainda neste ano ou no máximo em um ano e meio.
Para evitar um calote, a Grécia precisaria de um novo empréstimo estimado em 120 bilhões de euros, maior do que o primeiro. Como os contribuintes dos países europeus mais ricos, especialmente a Alemanha, não querem pagar a conta, uma renegociação é considerada inevitável.
Enquanto a crise grega se arrasta, a Europa emperra a recuperação da economia mundial e chama a atenção para as dívidas públicas de outros países ricos, como os EUA, onde ela se aproxima de 100% do produto interno bruto, e o Japão, onde já passa de 200%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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