Num raro pronunciamento no fim de noite de domingo, o presidente Barack Obama confirma que quase dez anos depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2011 os Estados Unidos conseguiram matar o líder terrorista mais procurado do mundo, o saudita Ossama ben Laden, da rede Al Caeda (A Base).
Obama disse ter recebido um informe secreto em agosto passado indicando que agentes americanos tinham encontrado pistas de Ben Laden. Na semana passada, o presidente autorizou a "ação para prender Ossama ben Laden" no interior do Paquistão.
Dois helicópteros americanos participaram da ação. Inicialmente foi noticiado que um helicóptero paquistanês tinha sido abatido pelos militantes, que lutaram para defender o Xeque. Depois, foi dito que era um helicóptero dos EUA que teve problemas técnicos.
Ben Laden teria sido morto numa troca de tiros com comandos dos EUA numa mansão em Abotabade, cidade situada 150 km ao norte da capital, Islamabade. É difícil imaginar que ele tenha se refugiado lá sem o apoio do serviço secreto militar paquistanês, comentou a jornalista britânica Christina Lamb, especialista em Paquistão.
Sob a alegação de que seria difícil encontrar um país para enterrar Ben Laden, os EUA declararam que seu corpo foi "enterrado no mar".
Sem dar muitos detalhes sobre a operação, o presidente americano agradeceu a colaboração do governo do Paquistão, destacando a importância de que os dois países continuem colaborando no combate ao terrorismo.
Também insistiu, lembrando Bush, que "os EUA nunca estiveram em guerra contra o Islã", e argumentou que Ben Laden promoveu assassinatos em massa de muçulmanos.
"O povo americano não queria essa guerra", disse Obama. "Ela veio até nós. Como país, nunca vamos tolerar quando nossa segurança nacional for ameaçada. Em noites como hoje, podemos dizer àqueles parentes de quem perdeu a vida em ataques d'al Caeda: fez-se justiça!"
Para as famílias dos mortos em 11 de setembro, o presidente afirmou que nunca foram esquecidas e pediu à Nação a retomada do espírito de união que os atentados provocaram.
É uma grande vitória para os EUA e especialmente para este governo, rotineiramente acusado pela oposição conservadora republicana de não ser suficientemente duro na defesa da segurança nacional do país.
A questão central é se Ben Laden já tinha cumprido seu papel histórico de universalizar o jihadismo ou se ainda era necessário para o movimento extremista muçulmano. Mas é inegável que o movimento está em decadência. A morte do líder ajuda a acentuar o declínio.
Em nota, o ex-presidente George W. Bush cumprimentou Obama, os serviços secretos e as Forças Armadas dos EUA.
Com a morte de Ben Laden, fica muito mais fácil para o atual presidente declarar missão cumprida no Afeganistão e retirar os soldados americanos do país até 2012.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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