sexta-feira, 6 de maio de 2011

Khamenei ameaça afastar Ahmadinejad

Numa luta pelo poder sem precedentes dentro da ditadura teocrática do Irã, o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei ameaça afastar o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Khamenei rejeitou a demissão do ministro da Inteligência, Heidar Moslehi, e o recolocou no cargo, conta o Huffington Post, segundo sítio de notícias mais visitado do mundo, depois do New York Times.

Em retaliação, Ahmadinejad boicotou duas reuniões ministeriais em 11 dias. Voltou em 1º de maio, quando Moslehi não foi. Na última quarta-feira, ele teria sido convidado a se retirar pelo presidente.

O deputado Morteza Agha Tehrani, um dos conselheiros do presidente, disse hoje num encontro de aliados politicos que o Supremo Líder deu um ultimato a Ahmadinejad para aceitar sua intervenção no governo ou renunciar, reportou o jornal inglês The Guardian.

Pela Constituição da República Islâmica do Irã, Khamenei não deveria interferir em nomeações para o ministério. Mas a regra básica da ditadura teocrática iraniana imposta pelo aiatolá Ruhollah Khomeini em 1979 é que ninguém deve se opor ao Supremo Líder.

Como é o “representante de Deus na Terra”,  não pode sofrer oposição.

Diante do conflito evidente, 90 deputados assinaram uma petição para que o presidente preste esclarecimentos ao Majlis (parlamento). Seriam necessárias mais 85 para abertura de um processo de impeachment de Ahmadinejad.

Entre os boatos que correm na rede de intrigas do regime dos aiatolás, o chefe da Casa Civil, Esfandiar Rahim Mashaei, é acusado de invocar poderes sobrenaturais, magia e espiritismo.

Mashaei gostaria de reduzir a participação de clérigos na política iraniana e estaria interessado no diálogo com os Estados Unidos, outro anátema para o aiatolá Khamenei.

De acordo com o jornal The Washington Post, Mashaei enviou múltiplos sinais de que gostaria de se reunir com representantes dos EUA. Se não houve encontro, foram os americanos que não quiseram por não entender quem ele representa e o que quer.

Ontem, o comandante da poderosa Guarda Revolucionária Iraniana, Mohamed Ali Jafari, declarou que “as pessoas próximas a Khamenei não estão se fiando em fadas, espíritos ou demônios e não vão aceitar nenhum desvio.

A Guarda Revolucionária foi decisiva para conter os protestos da oposição e garantir a reeleição fraudulenta de Ahmadinejad em 12 de junho de 2009.

Com os ex-candidatos a presidente Mir Hussein Mussavi e Mehdi Karroubi em prisão domiciliar há 80 dias por medo de contaminação do país pelas revoluções democráticas no mundo árabe, a oposição iraniana assiste de casa.

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