O almirante Emilio Eduardo Massera, ex-comandante da Marinha da Argentina, morreu hoje de acidente vascular cerebral no Hospital Naval Pedro Mallo. Um dos comandantes da Junta Militar que deu um golpe de Estado em 24 de março de 1976, ajudou a implantar um regime de terror que matou 30 mil argentinos.
Massera tinha fama de ser ainda mais linha dura do que o ditador e comandante do Exército, general Jorge Rafael Videla, e do que o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Orlando Agosti. Eles lançaram uma guerra suja para exterminar a esquerda argentina.
Como comandante da Marinha, Massera controlava a sinistra Escola de Mecânica da Armada (ESMA), principal centro de detenção e tortura da última ditadura militar argentina. Por lá, passaram pelo menos 5 mil presos políticos. Só 100 saíram vivos. Muitos foram jogados no Rio da Prata nos chamados voos da morte.
Preso depois da democratização do país, em 1983, Massera foi condenado dois anos depois à prisão perpétua por sequestro, tortura, assassinato e desaparecimento de pessoas. No tribunal, teve a cara dura de declarar: "Sou responsável, mas não me sinto culpado."
Sua defesa era a mesma de outros algozes do povo argentino: "Não eram presos, eram combatentes."
Solto em 1990 por indulto do presidente Carlos Menem, Massera voltou a ser preso, em 1998, pelo sequestro de bebês nascidos na ESMA. A sentença de prisão perpétua foi restabelecida depois que a Justiça da Argentina anulou a anistia e o indulto aos violadores de direitos humanos da guerra suja, em 2007.
Por causa de um acidente vascular cerebral que o deixou em cadeira de rodas, Massera estava em prisão domiciliar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário