NOVA YORK - Oito anos depois da invasão americana ao Afeganistão para vingar os atentados de 11 de setembro de 2001, o presidente Barack Obama está sob intensa pressão em duas frentes.
Enquanto o comandante militar dos Estados Unidos, general William McChrystal, pede mais 40 mil soldados para enfrentar a milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã e seus aliados da rede terrorista Al Caeda, cerca de 57% dos americanos são contra a guerra.
Como na era George W. Bush, os manifestantes protestam diante da Casa Branca, e a ala mais à esquerda do Partido Democrata exige a retirada do Afeganistão.
Por outro lado, a oposição republicana cobra uma resposta rápida ao pedido do general McChrystal, ignorando que Bush abandonou a guerra no Afeganistão para invadir o Iraque e invadir o Afeganistão, onde não havia na época qualquer atividade de jihadistas.
Meses atrás, o comandante-em-chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike McMullen, observou que o país não estava ganhando a guerra no Afeganistão. Numa guerra de guerrilhas, numa guerra de atrito num ambiente hostil, é o mesmo que dizer que os EUA estão perdendo.
Abandonar o Afeganistão é ignorar as lições da História. Depois da retirada soviética, em 1989, o país ficou entregue a sua própria sorte. Os diferentes grupos armados muçulmanos que haviam derrotado a União Soviética começaram a brigar entre si, criando uma situação de total anarquia.
Foi neste ambiente de terra sem lei, com o apoio dos serviços secretos do Paquistão e dos próprios EUA, que surgiu a Milícia dos Talebã (Estudantes), formada por estudantes das madrassás, as escolas religiosas onde só se estuda o Corão.
Os Talebã tomaram o poder em 1996, impondo uma das ditaduras mais retrógradas de que se tem notícia da história recente da humanidade.
As meninas foram proibidas de estudar, as mulheres eram obrigadas a andar de burka, uma vestimenta que as cobre da cabeça aos pés, com frestas na altura dos olhos e do nariz para falar e respirar. Os homens eram obrigados a não fazer a barba. Os homossexuais eram condenados à morte. Cinema, televisão, música e dança foram proibidas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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