No artigo Retorno da Ditadura, Não, publicado hoje no jornal espanhol El País, Vargas Llosa criticou os três candidatos de centro-direita – o ex-presidente Alejandro Toledo, o ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski e o prefeito de Lima Luis Castañeda – por se atacarem durante a campanha, deixando duas opções radicais para o segundo turno: Humala e a deputada Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.
“Alguns amigos querem anular o voto”, comentou o escritor, preferindo o que chamou de “compromisso sartreano”: há sempre uma opção preferível às outras, mesmo que isso implique um risco.
Para Vargas Llosa, “eleger Keiko Fujimori para a presidência do Peru seria o equívoco mais grave que poderia cometer o povo peruano. Equivaleria a legitimar a pior ditadura de nossa história republicana”.
“Alberto Fujimori não foi apenas um governante assassino e ladrão”, condenado a 25 anos de cadeia, argumentou o escritor.
“Só US$ 184 milhões dos US$ 6 bilhões desviados dos cofres públicos durante seu governo foram repatriados”, acrescentou. Foi também um traidor que acabou com a democracia no Peru ao d”ar o golpe de 5 de abril de 1992.”
Na sua opinião, “o povo peruano não pode ter esquecido esses oito anos em que Fujimori e Vladimiro Montesinos perpetraram um saque sistemático dos recursos públicos e a corrupção que se espalhou por todos mecanismos e instituições do poder com a mais absoluta impunidade”.
“Tampouco pode esquecer os inúmeros crimes, desaparecimentos, torturas, execuções extrajudiciais e todo tipo de violações de direitos humanos de camponeses, estudantes, sindicalistas, jornalistas, que marcaram todos esses anos de horror”, afirmou Vargas Llosa.
Humala perdeu o segundo turno para o atual presidente Alan García por ter sua imagem associada ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Desta vez, com assessoria de Luis Favre e Vladimir Garreta, do PT, adotou a linha “Lulinha paz e amor”, tentando se associar às políticas do ex-presidente brasileiro.
Agora, promete respeitar a propriedade privada, não estatizar, não atacar a liberdade de imprensa nem convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para reformar a Constituição do Peru.
Vargas Llosa questiona se a mudança é real ou cosmética, se Humala será como Ricardo Lagos, do Chile; José Mujica, do Uruguai; e Lula. Mas defende o “apoio crítico” a Humala, já aprovado pela candidatura Toledo, para impedir um mal maior.
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