domingo, 24 de abril de 2011

Vargas Llosa apoia Humala contra Fujimori

Para evitar a recuperação do prestígio do ditador que o derrotou nas urnas em 1990, o escritor liberal Mario Vargas Llosa vai apoiar o candidato nacionalista Ollanta Humala no segundo turno da eleição presidencial no Peru.

No artigo Retorno da Ditadura, Não, publicado hoje no jornal espanhol El País, Vargas Llosa criticou os três candidatos de centro-direita – o ex-presidente Alejandro Toledo, o ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski e o prefeito de Lima Luis Castañeda – por se atacarem durante a campanha, deixando duas opções radicais para o segundo turno: Humala e a deputada Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.

 “Alguns amigos querem anular o voto”, comentou o escritor, preferindo o que chamou de “compromisso sartreano”: há sempre uma opção preferível às outras, mesmo que isso implique um risco.

Para Vargas Llosa, “eleger Keiko Fujimori para a presidência do Peru seria o equívoco mais grave que poderia cometer o povo peruano. Equivaleria a legitimar a pior ditadura de nossa história republicana”.

“Alberto Fujimori não foi apenas um governante assassino e ladrão”, condenado a 25 anos de cadeia, argumentou o escritor.

“Só US$ 184 milhões dos US$ 6 bilhões desviados dos cofres públicos durante seu governo foram repatriados”, acrescentou. Foi também um traidor que acabou com a democracia no Peru ao d”ar o golpe de 5 de abril de 1992.”

Na sua opinião, “o povo peruano não pode ter esquecido esses oito anos em que Fujimori e Vladimiro Montesinos perpetraram um saque sistemático dos recursos públicos e a corrupção que se espalhou por todos mecanismos e instituições do poder com a mais absoluta impunidade”.

“Tampouco pode esquecer os inúmeros crimes, desaparecimentos, torturas, execuções extrajudiciais e todo tipo de violações de direitos humanos de camponeses, estudantes, sindicalistas, jornalistas, que marcaram todos esses anos de horror”, afirmou Vargas Llosa.

Humala perdeu o segundo turno para o atual presidente Alan García por ter sua imagem associada ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Desta vez, com assessoria de Luis Favre e Vladimir Garreta, do PT, adotou a linha “Lulinha paz e amor”, tentando se associar às políticas do ex-presidente brasileiro.

Agora, promete respeitar a propriedade privada, não estatizar, não atacar a liberdade de imprensa nem convocar uma Assembleia Nacional Constituinte para reformar a Constituição do Peru.

Vargas Llosa questiona se a mudança é real ou cosmética, se Humala será como Ricardo Lagos, do Chile; José Mujica, do Uruguai; e Lula. Mas defende o “apoio crítico” a Humala, já aprovado pela candidatura Toledo, para impedir um mal maior.

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