Em seu relatório sobre 2010, a Liga dos Direitos do Homem da França acusou o presidente Nicolas Sarkozy de ter abalado as bases da república francesa.
Sob o título A República Desfigurada, o relatório considera que quatro anos de sarkozismo ameaçam os fundamentos da "república laica, democrática e social", como define o Art. 1 da Constituição de 1958, que criou a 5ª República.
Com a popularidade abalada pela crise econômica, de olho na eleição presidencial de 2012, o presidente adotou políticas normalmente associadas à extrema direita, de hostilidade a imigrantes.
Em 10 de fevereiro, uma operação policial desmantelou um acampamento de ciganos na cidade de Toulouse. Em 8 de março, o prefeito de Nice anunciou a intenção de dobrar o número de câmeras de segurança na cidade, passando a ter uma câmera para cada 600 habitantes.
Mais 170 ciganos foram expulsos em 6 de julho, desta vez de Saint-Denis. Em 28 de julho, o governo Sarkozy decidiu fechar todos os 300 acampamentos de ciganos.
As Nações Unidas reagiram. Em 27 de agosto, o Comitê pela Eliminação da Discriminação Racial manifesta preocupação com "o discurso discriminatório na França".
O Parlamento Europeu também reagiu. Em setembro, aprovou uma resolução exigindo que a França suspendesse imediatamente todas as expulsões de ciganos.
No dia 14 daquele mês, a comissária de Justiça e vice-presidente da Comissão Europeia, Vivianne Reding, ameaçou processar a França, advertindo que "a Europa não será mais testemunha deste tipo de ação depois da Segunda Guerra Mundial".
Em seguida, a França enfrentou uma onda de protestos contra o aumento da idade mínima para aposentadoria.
O governo ainda conseguiu, em dezembro, reduzir a assistência médica do Estado a estrangeiros de um ano para três meses, além de introduzir novas medidas para aumentar a vigilância sobre os cidadãos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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