quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vargas Llosa culpa peronismo por crise argentina

Ao lançar hoje em Madri seu novo livro, O Sonho do Celta, o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2010, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, criticou o peronismo, responsabilizando-o pela crise política permanente da Argentina.

"A Argentina está mergulhada numa crise de que não há indícios de que vá sair", declarou Vargas Llosa na capital espanhola. Ele descreveu o peronismo, que seu colega argentino Jorge Luis Borges chamava de "fenômeno incorrigível", como "um sistema praticamente monopolista do poder".

Para o escritor peruano, "a Argentina era um país desenvolvido e próspero que foi se subdesenvolvendo por razões puramente políticas. Para mim, isso tem um nome, que é peronismo".

"Enquanto a Argentina não deixar para trás essa experiência fundamentalmente populista e um sistema que praticamente leva ao monopólio do poder, não vai decolar nem voltar a ser o que já foi", previu.

Vargas Llosa, candidato de direita derrotado na eleição presidencial de 1990 no Peru, entende que "o retrocesso argentino se deve à incompetência de seus políticos e às políticas ruins que foram empobrecendo um país que era um exemplo para toda a América Latina".

Apesar da crise permanente, prosseguiu o Nobel de Literatura, "o peronismo continua sendo extremamente popular na Argentina e ocupa todo o lugar da política. Tudo se faz dentro do peronismo".

Ele acusou a presidente e viúva Cristina Fernández de Kirchner de chefiar "um governo corroído pela corrupção. Basta ouvi-la falar para saber o que é populismo e demagogia. O casal Kirchner enfrenta sérias acusações ju".

Neste sentido, a atual chefe de Estado "representa a decadência da Argentina", que "foi um país moderno, desenvolvido e culto, que conseguiu erradicar o analfabetismo quando a Europa era subdesenvolvida".

Sem reduzir o tiroteio verbal, Vargas Llosa acrescentou que "não é posssível que a Argentina, com o que já foi, com o que representa do ponto de vista cultural, eleja presidentes com esse nível de falta de cultura e de pobreza intelectual".

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