Em depoimento perante o Tribunal Supremo da Espanha, o juiz Baltasar Garzón negou hoje ter recebido dinheiro do banco Santander para organizar um curso de direito em Nova York.
Ao todo, o juiz mais famoso da Espanha enfrenta três processos Está sendo acusado de parar uma investigação contra o presidente Santander, de grampear telefones de membros do Partido Popular suspeitos de corrupção e de tentar investigar as 100 mil mortes atribuídas à ditadura do generalíssimo Francisco Franco.
Na saída do tribunal, o advogado de defesa afirmou que seu clientes declarou ao Supremo não ter recebido "nenhum dólar e nenhum centavo" do banco Santander ao organizar um curso patrocinado pelo banco. O juiz declarou que a administração financeira ficou toda a carta da Universidade de Nova York, que promoveu o curso.
Garzón ficou mundialmente conhecido quando mandou prender o general Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile (1973-90), detido em Londres em 16 de outubro de 1998, quando fazia tratamento médico na Inglaterra. Também investigou os crimes da última ditadura militar argentina (1976-83).
Quando quis fazer o mesmo na Espanha, Garzón esbarrou nos remanescentes do franquismo, que ainda dominam o lado mais conservador do espectro político espanhol.
A maioria dos crimes foi cometida durante a Guerra Civil (1936-39) e nos anos seguintes, na década de 40. Como o general Franco morreu em 1975 e a lei espanhola não permite punir delitos cometidos há mais de 30 anos, os crimes do franquismo estão prescritos.
Para as famílias que nunca souberam o destino final de seus filhos mortos, Garzón trouxe uma esperança. Seus partidários foram hoje para a frente do tribunal.
Se Garzón for suspenso de suas funções como querem seus acusadores, a única pessoa punida pelos crimes do franquismo será o juiz que tentou investigá-los.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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