sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cameron vence último debate no Reino Unido

Depois de 13 anos de governos trabalhistas, o Partido Conservador aumentou ontem a chance de conseguir maioria absoluta na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico nas eleições da próxima quinta-feira, 6 de maio, o Reino Unido.


Seu líder, David Cameron, foi considerado vencedor do terceiro e último debate televisionado entre os três principais candidatos a primeiro-ministro britânico.


O tema de hoje era a economia. Mas o primeiro-ministro Gordon Brown cometeu uma gafe há dois dias. Chamou uma eleitora de "intolerante" com microfone aberto depois que ela reclamou da violência e da imigração estrangeira.

Esses temas de grande apelo para a classe média empobrecida pela crise e humilhada pelo desemprego na pior crise econômica do pós-guerra favorecem os conservadores.

É a primeira vez que o país realiza debates na TV entre os líderes dos três grandes partidos. Isso deu grande visibilidade a Nick Clegg, líder do Partido Liberal-Democrata, considerado vencedor do primeiro debate.

Com a vitória de Clegg, os liberais-democratas ultrapassaram os trabalhistas nas pesquisas de opinião e em algumas até os conservadores. O partido prepara-se para ter uma grande votação, mas ninguém acredita que possa eleger a maioria dos 650 deputados no sistema eleitoral britânico, de voto distrital num turno único.

Assim, nas últimas eleições, sob a liderança de Tony Blair, o Partido Trabalhista conseguiu maioria de 67 deputados com os votos de apenas 36% do eleitorado.

Nestas eleições, teme-se algo ainda pior. Os trabalhistas podem ficar em terceiro lugar no cômputo geral dos votos mas eleger o maior número de deputados. Isso lhes dá o direito de indicar seu líder para primeiro-ministro.

Se nenhum partido tiver maioria absoluta, o mais votado tem prioridade para tentar formar um governo de coalizão. Como na monarquia constitucional do Reino Unido o regime é parlamentarista, o novo governo precisa de maioria absoluta na Câmara dos Comuns.

Para os analistas, Brown desperdiçou sua última chance. Na condição de chefe de governo, é o alvo de todas as críticas pela crise econômica. Afinal, antes de ser primeiro-ministro, foi todo-poderoso ministro das Finanças de Blair, quando prometia acabar com os ciclos de euforia e depressão.

Agora que o país enfrenta déficits e dívida elevadas por conta da crise, é evidente que o governo deveria ter reduzido a dívida nos momentos de maior expansão do setor privado para ter maior capacidade de endividamento nos momentos difíceis. Tudo fica na conta de Brown.

Clegg culpou os "partidos tradicionais", que dominam a política britânica do pós-guerra.

Cameron promete cortar gastos e equilibrar as contas públicas. Põe toda a culpa pela crise em Brown. Isso o ajudou a passar a imagem de um líder novo, jovem e dinâmico confiável para conduzir a economia do país.

O Instituto de Estudos Fiscais divulgou um relatório acusando todos os partidos de mentirem para o eleitorado. Suas contas não fecham com as propostas de campanha.

A crise, a Grande Recessão de 2008-09, só acaba quando as dívidas contraírem forem pagas ou se tornarem pagáveis sem um esforço extra. Os tempos serão difíceis no Reino Unido e na Europa de modo geral.

Com a crise das dívidas públicas da Grécia e de outros paísea da Eurozona, o Reino Unido não só corre de contaminação por causa de déficits e dívida elevados. Perde mercado enquanto seus parceiros da União Europeia estiverem endividados.

Nenhum comentário: