terça-feira, 27 de abril de 2010

Morre o professor Fred Halliday

Morreu de câncer aos 64 anos o professor Fred Halliday, grande fera do Departamento de Relações Internacionais da London School of Economics e meu orientador quando passei por lá, nos anos 90. Acabo de ler no Guardian.

Católico e irlandês, Fred nasceu em Dublin e foi criado em Dandalk, perto da fronteira com Irlanda do Norte. Ele contava que sua babá era alinhada ideologicamente com o Exército Republicano Irlandês (IRA), que lutava contra o domínio britânico sobre a Irlanda.

Cedo, Fred aprendeu a desconfiar de nacionalismos, impérios e religiões. Era radical, de esquerda. Foi editor da New Left Review, a grande publicação intelecual da esquerda britânica, foi assessor da Câmara da Grande Londres sob Ken Livingstone, antes dela ser dissolvida pela primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher.


Internacionalista e cosmpolita, Fred Halliday falava oito línguas (inglês, francês, espanhol, português, italiano, alemão, russo, árabe e persa). Na LSE, foi catedrático das cadeiras de Política Internacional, Oriente Médio desde 1914, Revoluções e o Sistema Internacional e a Mulher no Sistema Internacional, no Mestrado em Relações Internacionais.


Especialista em Oriente Médio e na Guerra Fria, fez tese de doutorado sobre a revolução marxista no Iêmen. Foi autor de mais de 20 livros, entre eles Arábia sem Sultões, Segunda Guerra Fria, Islã: o Mito da Confrontação (rebatendo a tese do choque de civilizações), Duas Horas que Abalaram o Mundo (sobre os atentados de 11 de setembro).


Foi um grande polemista. Suas análises e entrevistas o transformaram num intelectual bastante consultado pela mídia britânica.


Em sua aula de despedida na LSE, Fred terminou com Quem Nunca Viveu uma Paixão, de Vinicius de Moraes e Toquinho, lamentando não ter usado mais música nas aulas.

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