Na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, em 7 de dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca, a União Europeia cobrou um compromisso maior dos Estados Unidos e da China com os cortes de emissões de gases carbônicos que serão necessários para conter o aquecimento do planeta.
O resultado final da conferência "vai depender principalmente do que for oferecido pelos EUA e a China", previu o ministro do Meio Ambiente da Suécia, Andreas Carlgren. Seu país ocupa no momento a presidência rotativa da UE.
Para justificar sua expectativa, Carlgren lembrou que os dois países são responsáveis por metade das emissões. Assim, "será absolutamente decisivo o que eles puderem oferecer".
Pelos cálculos do Painel Intergovernamental sobre a Mudança do Clima, que fez o dianóstico sobre o agravamento do efeito estufa por causa da emissão de gases produzidos pela queima de carvão e petróleo desde o início da Revolução Industrial, em 1750, será necessário que os países desenvolvidos cortem até 25% de suas emissões até 2020, na comparação com 1990, para limitar o aumento da temperatura a dois graus centígrados.
A Europa chega a Copenhague prometendo cortar 20% ou até 30% se outros países fizerem esforços semelhantes.
Representantes dos 192 países-membros da ONU participam da conferência, que deve aprovar um acordo que substitua o Protocolo de Quioto, aprovado em 1997 na antiga capital do Japão.
Pelo acordo de Quioto, os países desenvolvidos deveriam cortar suas emissões de gasas que agravam o efeito estufa em 5% na média em relação às emissões de 1990.
Os EUA nunca aderiram ao Protocolo de Quioto. No final de seu governo, em 2001, o presidente Bill Clinton assinou o acordo, sabendo que não tinha a menor chance de ser aprovado pelo Senado. Deixou a bomba no colo de George W. Bush, que no início de seu governo questionava a conclusão científica de que o homem é responsável aumento da temperatura da Terra.
Há iniciativas para combater o aquecimento global em pelo menos 28 estados dos EUA e em muitas cidades importantes. Mas o primeiro compromisso do governo federal americano foi a proposta anunciada pelo presidente Barack Obama: um corte de 17% até 2020 em relação a 2005.
Essa redução está prevista num projeto de lei aprovado no Câmara. No Senado, circula outro, que prevê um corte de 20%. Mas ambos se baseiam nas emissões de 2005.
Como país industrializado há mais de um século e maior poluidor mundial até ser recentemente ultrapassado pela China, os EUA deveriam ter cumprido meta de Quioto, de 5% em relação a 1990. Mas a proposta do governo Obama, que ainda não tem garantia de aprovação no Congresso dos EUA, estabelece um corte de apenas 4% na comparação com 1990. Está abaixo da meta de Quioto.
Se o maior responsável historicamente pelas emissões de gases de efeito estufa reluta, como convencer a China, que está em pleno processo de desenvolvimento e ainda tem centenas de milhões de pobres, a melhorar sua proposta.
A China promete reduzir em 40% a 45% até 2020, na comparação com 2005, a "intensidade das emissões" para produzir a mesma quantidade de riqueza. É um compromisso com maior eficiência energética. Como o país não aceita abrir mão de seu crescimento de 8% ao ano, que deve aumentar suas emissões.
Para os EUA, esse aumento de eficiência energética é algo que a China inevitavelmente faria para controlar a poluição e economizar energia.
De um entendimento entre as duas superpotências econômicas depende a Conferência de Copenhague.
No momento, parece mais provável que seja aprovado o esboço de um acordo cujos detalhes finais, como metas e quantias, seriam discutidos nos próximos dois anos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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