O vazamento de um texto que estava sendo discutindo num pequeno grupo de 20 países, divulgado pelo jornal inglês The Guardian, apimentou o segundo dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que se realiza até 18 de dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
Pelo "texto dinamarquês", como o chamou o jornal britânico, acabaria o princípio básico do Protocolo de Quioto de que os países desenvolvidos, industrializados há muito mais tempo, tem maior responsabilidade pelo aumento da concentração de gases carbônicos na atmosfera. As emissões por habitante projetadas para o ano 2050 dariam uma vantagem de dois para um, mantendo a desigualdade entre as nações existente hoje.
Esse texto teria sido preparado pela Dinamarca junto com os Estados Unidos e o Reino Unido, e apresentado a um grupo de cerca de 20 países, entre eles o Brasil.
Ao analisar o documento, o Guardian concluiu que:
• força os países em desenvolvimento a se comprometerem com metas obrigatórias de redução de emissões, ao contrário de acordos anteriores da ONU, baseados no princípio que orientou o acordo de Quioto;
• divide os países em desenvolvimento dos países pobres criando a categoria dos "mais vulneráveis";
• enfraquece a posição da ONU como coordenadora do combate à mudança do clima;
• limita as emissões dos países pobres em 2050 em 1,44 toneladas por habitante, enquanto os ricos tem direito a 2,67 toneladas por pessoa.
A China imediatamente reafirmou, em entrevista coletiva, o princípio de que os países em desenvolvimento estão se propondo a adotar metas voluntárias de controle das emissões, mas só vão fazer isso se os ricos ou desenvolvidos derem o exemplo, o dinheiro e a tecnologia.
Em um evento paralelo, a ativista Naomi Klein culpou o consumismo pelo aquecimento global.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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