Sob pressão de um inquérito público sobre a invasão do Iraque ao lado dos Estados Unidos em 2003, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair defendeu a decisão de derrubar Saddam Hussein.
Em entrevista à televisão pública BBC que vai ao ar no domingo, 13 de dezembro de 2009, Blair argumentou que Saddam era uma "ameaça à região" do Oriente Médio.
Na próxima semana, o ex-primeiro-ministro será questionado sobre um dossiê de setembro de 2002 em que seu governo alegou que o Iraque poderia lançar um ataque com armas de destruição em 45 minutos, a partir da ordem de Saddam Hussein.
Esse dossiê foi colocado sob suspeita em reportagem da Radio 4, da BBC. O cientista do Ministério da Defesa que desacreditou a alegação do governo Blair acabou se suicidando.
A direção da BBC caiu no confronto com o governo, mas foi a reportagem que desmontou a farsa do argumento de que o Iraque teria armas químicas e biológicas.
Mesmo sem armas de destruição em massa, "eu ainda teria pensado que seria melhor derrubá-lo. Obviamente, eu teria de usar argumentos diferentes sobre a natureza da ameaça", declarou Blair.
"Não consigo imaginar que seria melhor com ele e os filhos", prosseguiu o ex-primeiro-ministro britânico. "Entendo e simpatizo com que foi contra a guerra por boas razões e continuam sendo até agora, mas cabia a mim tomar a decisão final".
O desenvolvimento de armas de destruição em massa e a ameaça à região teriam orientado a decisão de Blair.
Durante 12 anos, lembrou Blair, Saddam aceitava e expulsava inspetores das Nações Unidas encarregados de fiscalizar a desativação dos programas de mísseis de médio alcance e de armas de destruição em massa. "Já tinha usado armas de destruição em massa contra seu próprio povo, então obviamente o que passava pela minha cabeça era a ameaça para a região."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário