O presidente Lula ficou irritado com as críticas da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sobre o protecionismo e a assimetria no Mercosul, e antecipou sua volta da reunião de cúpula do Mercosul realizada na terça-feira em Montevidéu, diz o jornal argentino Clarín na edição desta quarta-feira.
Durante o encontro, o Brasil teria adotado um "silêncio prudente", enquanto a presidente argentina, que assumiu a presidência rotativa do bloco, falou abertamente sobre os problemas no comércio bilateral.
Com a economia em recessão, a Argentina adotou medidas protecionistas e o Brasil reagiu porque os produtos chineses ganham espaço no mercado argentino. Há uma guerrinha burocrática, com o atraso na liberação dos pedidos de importação empatando o comércio bilateral dos dois maiores países da América do Sul. É um sinal de que a integração econômica não vai bem.
Cristina Kirchner teria pedido a Lula que o Brasil assuma uma posição de protagonista como a Alemanha fez na União Europeia.
"O protecionismo pode ter uma política de aduanas, mas também pode se expressar com uma política de subsídios e esforços de atração de investimentos através de isenções fiscais", argumentou Cristina.
"Há países que podem se dar a esse luxo porque acumularam um bom nível de reservas ou um volume de economia", alfinetou, sem citar diretamente o Brasil.
Antes que Lula respondesse, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, começou a discutir com o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, o uso de bases colombianas pelos Estados Unidos, que Chávez considera uma ameaça à América do Sul.
Na verdade, o governo Cristina Kirchner enfrenta uma séria crise interna. O mundo inteiro está saindo da recessão, mas a Argentina, não. Ela se queixou que o desempenho dos países do Mercosul não foi igual diante da crise.
As políticas a favor do mercado dos governos Lula se mostraram superiores ao neoperonismo do casal Kirchner, que é antiliberal e antimercado.
Depois de atacar a mídia e de perder a maioria no Congresso, Cristina agora acusa o Brasil.
Os países do Mercosul também decidiram relançar as negociações de livre comércio com a União Europeia, que esbarram sempre no protecionismo agrícola europeu, e reafirmaram sua rejeição às eleições de 29 de novembro em Honduras.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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