O primeiro-ministro que governou Israel por mais tempo, 15 anos, superando o fundador do país, David ben Gurion, caiu. Depois de dois anos de paralisia política e quatro eleições em que nenhuma aliança conseguiu formar um governo estável, uma coalizão frágil de oito partidos que vai da extrema direita à esquerda e inclui um partido árabe afastou Benjamin Netanyahu. No domingo, por 60 a 59 votos, com uma abstenção, o ultradireitista Naftali Bennett se tornou primeiro-ministro.
Netanyahu se tornou chefe de governo de Israel pela primeira vez em junho de 1996, depois de eleições realizadas sob o impacto do assassinato, em 5 de novembro de 1995, do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, que assinara os acordos de paz de Oslo com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Conservador e linha-dura, Bibi, como é chamado pelo povo, sempre relutou em fazer as concessões necessárias à paz. Como governos anteriores do partido Likud, negociou por negociar enquanto ampliava as colônias israelenses nos territórios para fazer da anexação um fato consumado.
Na sua visão, a grande ameaça à segurança de Israel é o Irã, que tem um programa nuclear. Ele voltou ao poder em março de 2009, e ficou até o último domingo e jura que vai voltar. Enfrta quatro processos por corrupção.
Sua queda é fruto das articulações do centrista Yair Lapid, um ex-apresentador de televisão que entrou na política. Principal responsável por formar a aliança governista, ele dividiu a chefia do governo com Bennett. Cada um deve governar durante dois anos. A dúvida é se a coalizão vai resistir até chegar a vez d Lapid, o político de maior prestígio hoje em Israel.
Filho de imigrantes americanos, Bennett serviu nas Forças Armadas como oficial de inteligência que se infiltra em território inimigo para coletar informações e apontar alvos. Antes de entrar na política em 2006 como chefe de gabinete de Netanyahu, fez fortuna com empresas de informática voltadas para a segurança. É a favor da anexação da Cisjordânia, mas não tocou no assunto desde que virou chefe de governo.
A coalizão inclui partidos pacifistas e de esquerda e um partido árabe. É a primeira vez que um partido árabe participa do governo de Israel. O partido de Bennett, Yamina (Nova Direita), é o quinto dos oito da coalizão de governo, que tem em comum dois objetivos: afastar Netanyahu e evitar a realização de novas eleições antecipadas.
Será difícil adotar posições conjuntas, sobretudo em questões de segurança como o conflito com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) ou o crescente conflito interno entre árabes e judeus. A Marcha da Bandeira, nesta-feira, organizada por ultranacionalistas na Cidada Velha de Jerusalém, será um primeiro teste.
Nenhum comentário:
Postar um comentário