A Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela acaba de anunciar que o sim venceu o referendo sobre a reeleição sem limites do presidente da República e de outros cargos eletivos. Com 54% dos votos apurados até agora, o sim teria uma vantagem irreversível.
É uma vitória do presidente Hugo Chávez, que já manifestou a intenção de ficar no poder até 2030 para levar adiante sua revolução bolivarista e implantar o que chama de "socialismo do século 21".
O caudilho venezuelano acaba de conquistar o direito de continuar na presidência, desde que continue ganhando eleições. Em 10 anos de governo, Chávez só perdeu o referendo constitucional do final de 2007, que previa a reeleição sem limites e mudava o regime de propriedade, na marcha para o socialismo.
Chávez é um político caciquista e autoritário, com todas as características do cesarismo ou bonapartismo: um chefe militar com indiscutível apelo popular, um líder de massas carismático, mas com um viés claramente autoritário e militarista. Não tolera a dissidência. Trata adversários políticos como inimigos. E alimenta um culto da sua personalidade.
Suas políticas sociais promoveram a inclusão de milhões de venezuelanos, o que já é uma revolução. Mas, ao abalar as estruturas constitucionais do país, mudando repetidas vezes as regras do jogo, inclusive a Constituição de 1999, base das primeiras reformas chavistas, o caudilho não cria instituições que consolidem e tornem permanentes as reformas socializantes que propõem.
Com seu narcisismo exacerbado, Chávez acredita que a revolução bolivarista depende dele. É ele. O comandante fica.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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