terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Trump avisa que vai reconhecer Jerusalém como capital de Israel

Em mais uma ruptura em relação à política externa dos governos anteriores, o presidente Donald Trump avisou aos líderes do Egito, da Jordânia e da Autoridade Nacional Palestina que vai reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir para lá a Embaixada dos Estados Unidos. O anúncio será feito amanhã.

O rei Abdullah II, da Jordânia, e o presidente da ANP Mahmoud Abbas, advertiram que a medida pode aumentar a tensão e prejudicar o processo de paz entre israelenses e palestinos, noticiou o jornal The Washington Post.

Nenhum país do mundo reconhece Jerusalém como capital de Israel porque o setor árabe, no Leste da cidade, era parte do território da Jordânia. Foi ocupado na Guerra dos Seis Dias, em 1967, que na prática não terminou até hoje.

Jerusalém era a capital da Palestina, durante o mandato concedido pela Liga das Nações ao Império Britânico para administrar  região. Pela decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas que dividiu a Palestina há 70 anos, Jerusalém seria uma cidade internacional.

Mas, na Guerra de Independência de Israel (1948-49), os israelenses tomaram o lado ocidental e a Jordânia ficou com a parte oriental, onde ficam o Muro das Lamentações, a parede que resta do Templo de Jerusalém, o lugar mais sagrado para os judeus, e a Esplanada das Mesquitas, de onde o profeta Maomé teria ascendido aos céus. É o lugar mais sagrado para os muçulmanos depois das cidades de Meca e Medina.

Vários líderes mundiais, inclusive o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, fizeram um apelo ao presidente americano para que mude de ideia e deixe a decisão sobre o futuro de Jerusalém para as negociações de paz árabe-israelenses.

No telefonema a Abbas, Trump prometeu tomar medidas para promover a paz. O líder palestino respondeu: "Não há nada que você possa oferecer que vá compensar a perda de Jerusalém. Definitivamente, não vamos aceitar."

Abbas e o ministro do Exterior da Turquia alertaram que o presidente americano está fazendo o jogo dos extremistas, mas Trump insistiu que tinha de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, uma promessa de campanha. Há anos, a direita evangélica dos EUA adotou a causa israelense. É contra a divisão da Palestina e mais ainda de Jerusalém, uma cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.

Trump estaria disposto a bancar uma proposta de paz em que toda Jerusalém ficaria com Israel e teria o apoio do novo príncipe herdeiro saudita, Mohamed ben Salman, interessado em formar uma grande aliança contra o Irã.

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