sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Rajoy pede diálogo mas exclui independência da Catalunha

As eleições de ontem não resolveram o impasse criado pelo movimento pela independência da Catalunha. Com uma pequena maioria no novo Parlament, o ex-governador regional Carles Puigdemont quer um diálogo incondicional, enquanto o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, declarou estar pronto para receber o novo governo catalão, mas excluiu qualquer possibilidade de independência da região.

Os partidos favoráveis à independência obtiveram apenas 47% dos votos. Como as eleições foram por voto distrital, conquistaram 70 das 135 cadeiras do Parlament e o direito de formar o novo govern. Mas não obtiveram um mandato claro para levantar adiante o processo de independência.

Rajoy foi o grande perdedor. Depois de suspender a autonomia regional da Catalunha por causa do plebiscito ilegal sobre a independência realizado em 1º de outubro, o primeiro-ministro convocou eleições regionais antecipadas na esperança de que os independentistas fossem derrotados. Eles ganharam e mantiveram a maioria parlamentar.

"A fratura social que a radicalidade provocou na sociedade catalã é muito grande", afirmou Rajoy, citado pelo jornal La Vanguardia, de Barcelona. "É uma fratura que levará tempo para se recuperar e essa deveria ser a primeira obrigação de todos os atores políticos. A necessária reconciliação deve vir da lei e do respeito aos direitos de todos, das maiorias e das minorias."

Na opinião do chefe de governo espanhol, tendo em vista a voz das urnas, "ninguém pode falar em nome da Catalunha se não contempla toda a Catalunha porque a Catalunha não é monolítica, mas plural, e todos devemos cultivar esta pluralidade como uma riqueza que há que respeitar e cuidar."

O primeiro-ministro, acusado na Catalunha pelas políticas de austeridade e cortes dos gastos públicos para enfrentar a crise, defendeu a recuperação econômica sob seu governo: "Estamos em época de crescimento econômico e criação de empregos, e são necessárias segurança e certeza. Se não se adotam decisões unilaterais e se entende que vivemos na Europa, as coisas podem funcionar de outra maneira."

Em outras palavras, Rajoy rejeitou qualquer solução que não siga a legislação atual, que exige que toda a Espanha vote em plebiscitos sobre independência. Ele disse estar aberto ao diálogo e citou como vencedora a líder do partido liberal de centro-direita Cidadãos, Inés Arrimadas. Seu partido, a favor da união da Espanha, foi o mais votado, mas ela não terá apoio para formar um novo governo.

De Bruxelas, na Bélgica, para onde fugiu para não ser preso, o ex-governador regional Carles Puigdemont, exigiu um diálogo "sem condições prévias". Ele disse que "a Catalunha deu uma bofetada no Estado espanhol". Chama o conflito de "crise entre o Estado espanhol e a Catalunha.

Puigdemont já deixou claro que o único resultado aceitável pelo movimento nacionalista catalão é a independência. Sem um mandato claro das urnas, defende a realização de um novo plebiscito em que só os catalães votariam. Isso exige uma mudança na Constituição da Espanha,

Líder da aliança Juntos pela Catalunha, Puigdemont está "disposto a encontrar o presidente Mariano Rajoy em Bruxelas ou qualquer outro lugar da União Europeia que não seja na Espanha", onde há um mandado de prisão contra ele por sedição, rebelião e traição à pátria. Rajoy se nega a negociar uma questão interna no exterior.

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