quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Justiça argentina pede fim do foro especial e prisão de Cristina Kirchner

O juiz federal Claudio Bonadio pediu hoje a prisão preventiva e o fim do foro especial para a ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner, acusada de obstrução de justiça no inquérito sobre a participação do Irã no pior atentado terrorista da história da América Latina, em junho de 1994, quando 85 pessoas morreram e outras 200 saíram feridas de um ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA).

Também foi decretada a prisão do ex-ministro do Exterior Héctor Timerman, o ex-secretário Legal e Técnico da Presidência Carlos Zannini, o sindicalista Luis D'Elia, Jorge Yussuf Khalil, intermediário da comunidade muçulmana argentina, e Fernando Esteche, líder da organização política Quebracho.

Cristina Kirchner também responde a vários processos por corrupção. Ela foi eleita senadora pela província de Buenos Aires em 22 de outubro e diplomada em 29 de novembro, o que lhe garante foro especial. O juiz pediu ao Senado que suspenda a imunidade parlamentar da ex-presidente, mas é improvável que seja aprovada sem a bancada peronista, informou o jornal La Nación.

Timerman está em prisão domiciliar. Zannini foi preso na madrugada de hoje em Río Gallegos, capital da província patagônica de Santa Cruz, o reduto eleitoral dos Kirchner, e D'Elia em Laferrere, na Grande Buenos Aires. Esteche se entregou numa delegacia de polícia do bairro do Retiro, no centro da capital, revelou o jornal Clarín. Serão processados por traição à pátria e obstrução de justiça. Leia a íntegra do despacho no jornal Perfil.

A prisão preventiva de Cristina foi pedida sob o argumento de que a ex-presidente poderia tentar impedir a ação da Justiça, pressionar testemunhas e destruir provas no processo aberto pelo promotor Alberto Nisman, assassinado em 19 de janeiro de 2015 em circunstâncias misteriosas, num caso inicialmente apresentado pelo governo como suicídio.

Nisman denunciou Cristina Kirchner alegando que um acordo firmado com a República Islâmica do Irã em 2013 para investigar conjuntamente o atentado foi na verdade uma manobra para encobrir a participação iraniana e a culpa do ex-presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani, do ex-ministro do Exterior Ali Akbar Velayati e do ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi, entre outros réus denunciados pela Justiça da Argentina.

O caso foi reaberto no ano passado e juntado a outro por traição à pátria.

"Não tivemos nenhum outro propósito ao assinar o memorando de entendimento do que conseguir um avanço na tomada de declarações dos imputados iranianos, única forma de que a investigação em curso saia do ponto morto em que se encontra", afirmou a ex-presidente em sua defesa, denunciando uma perseguição política à oposição.

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