sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Ataque a base da ONU no Congo mata 14 soldados da força de paz

Pelo menos 14 soldados da maior missão de paz das Nações Unidas foram mortos e 53 saíram feridos de um ataque contra sua base na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, revelou hoje a ONU. Foi o pior massacre de soldados da ONU desde a morte de 23 capacetes azuis na Batalha de Mogadíscio, na Somália, em 1993, retratada no filme Falcão Negro em Perigo.

Com armas pesadas e granadas de foguetes, os rebeldes atacaram o quartel. A batalha durou três horas. Um blindado de transporte de tropas foi destruído. A maioria dos mortos era da Tanzânia, noticiou a televisão pública britânica BBC.

"Este é o pior ataque a forças de paz da ONU na história recente", lamentou o ex-primeiro-ministro português (1995-2002) António Guterres, secretário-geral da organização internacional. Ele descreveu a ação rebelde como "crime de guerra" e cobrou a punição dos responsáveis pelas autoridades do Congo.

A Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (Monusco) é a maior e mais cara operação de paz em andamento no mundo, com 19 mil soldados. Tem um mandato para realizar ações ofensivas contra grupos armados. Isso tornou os capacetes azuis em alvos frequentes dos rebeldes.

O principal suspeito é o grupo chamado Forças Democráticas Aliadas (FDA), considerado terrorista pela vizinha Uganda. As FDA, criadas em 1995, teriam entre 1.200 a 1.500 homens em armas refugiam-se nas montanhas entre o Norte da RDC e Uganda.

Diante da ofensiva do Exército do Congo e a Monusco, em 2013, o grupo se dispersou. Depois de sérias violações do direito internacional, em 2014, as FDA foram incluídas na lista de alvos de sanções da ONU. Seu líder e fundador, Jamil Mukulu, preso em Dar es Salam, a capital da Tanzânia, em 2015, e extraditado para Uganda.

A RDC era o antigo Congo Belga, rebatizado como Zaire pelo ditador Joseph Mobutu. Sua queda deflagrou uma guerra civil que ficou conhecida como a Primeira Guerra Mundial Africana. De 1997 a 2002, nove exércitos nacionais e centenas de grupos irregulares disputaram o território e as riquezas da RDC, o segundo maior país da África desde a divisão do Sudão, em 2011.

Mais de 5 milhões de pessoas morreram em combate, de fome ou doenças causadas pela guerra civil congolesa.

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