O general Michael Flynn, ex-assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, confessou hoje ser culpado por ter mentido ao FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, sobre seus contatos com o então embaixador da Rússia em Washington, Serguei Kislyak, durante o período de transição entre a eleição e a posse do presidente Donald Trump.
Quando foi entrevistado pelo FBI, em janeiro, antes de assumir o cargo, Flynn negou ter pedido ao embaixador russo para não reagir às sanções impostas pelo ainda presidente Barack Obama em 29 de dezembro de 2016, em retaliação à interferência do Kremlin nas eleições americanas. O governo Trump trataria a questão de outra maneira. No dia seguinte, o presidente Vladimir Putin anunciou que a Rússia não reagiria.
Como negou ter discutido as sanções com o embaixador, o general Flynn também não revelou ao FBI que Kislyak prometeu moderação na resposta russa para não prejudicar a reaproximação com a Rússia defendida por Trump durante a campanha eleitoral. Ambas as declarações são comprovadamente falsas e foram feitas "voluntária e conscientemente", acusa a denúncia.
Flynn é o funcionário mais alto do governo Trump incriminado na investigação sobre um possível conluio da campanha de Trump com o governo russo. Ele fez um acordo com o procurador especial Robert Mueller e deve revelar de quem partiu a ordem para manter contato com a Rússia. Sua confissão aperta o cerco a Trump.
Hoje, o jornal The New York Times revelou que Trump pressionou três líderes do Partido Republicano a encerrar a comissão parlamentar de inquérito do Senado sobre o mesmo assunto. Em 9 de maio de 2017, o presidente demitiu o diretor-geral do FBI, James Comey, depois de pressioná-lo sem sucesso a encerrar a investigação sobre o general Flynn.
Com a demissão de Comey, que chefiava a investigação do FBI, houve pressão e outro ex-diretor-geral do FBI, Robert Mueller, o antecessor de Comey, foi nomeado procurador especial para investigar o caso.
Trump já cogitou afastar Mueller. Isso o colocaria na posição de Richard Nixon quando demitiu o procurador especial do Escândalo de Watergate, Archibald Cox, no Massacre de Sábado à Noite, em 20 de outubro de 1973. Nixon renunciou no ano seguinte para escapar de um processo de impeachment.
A equipe de transição era chefiada pelo vice-presidente Mike Pence e seus principais assessores eram o genro e Trump, Jared Kushner; o futuro chefe da Casa Civil da Casa Branca, Reince Priebus; e Kathleen McFarland, que era assessora adjunta de Flynn e hoje é embaixadora em Cingapura. Daí partiram as ordens para o contato com Moscou e seus agentes. Kushner seria o responsável.
Em 29 de dezembro, quando Obama impôs sanções, Flynn ligou para um membro do primeiro time da equipe de transição, reunida no clube de golfe de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, "para discutir o que dizer ao embaixador russo sobre as sanções dos EUA".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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