domingo, 10 de dezembro de 2017

Palestino esfaqueia segurança israelense em Jerusalém

Um guarda de segurança de 35 anos está em estado grave depois de ser esfaqueado no peito hoje perto da Estação Central de Ônibus de Jerusalém. Eram cerca de duas horas da tarde pela hora local (10h em Brasília) quando um palestino de 24 anos foi interpelado, puxou uma faca, atacou o guarda e fugiu, noticiou o jornal The Jerusalem Post.

O terrorista fugiu pela Rua Jaffa, onde foi detido por um civil e outro policial. Ele reside em Nablus, na Cisjordânia ocupada, e não tem permissão para trabalhar em Israel. Logo depois do ataque, uma multidão se reuniu no local para pedir "pena de morte para terroristas".

A melhor resposta é fortalecer a soberania sobre a cidade, declarou o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat: "Nossos inimigos não precisam de desculpas para nos atacar. Não há justificativa para o terrorismo e a violência. A resposta ao terror é fortalecer a soberania e construir em toda a Jerusalém unificada."

A tensão aumentou muito na cidade sagrada para três religiões, judaísmo, cristianismo e islamismo, depois que o presidente Donald Trump reconheceu, na semana passada, Jerusalém como a capital de Israel. Os palestinos declararam três dias de raiva e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) convocou uma nova intifada (revolta).

A primeira intifada estourou em 8 de dezembro de 1987, em resposta à repressão israelense nos territórios árabes ocupados 20 anos antes. Durou até o anúncio de um cessar-fogo e dos acordos de paz negociados em Oslo, em 13 de setembro de 1993, nos jardins da Casa Branca, quando o líder histórico da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, apertou as mãos do primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin. Pelo menos 160 soldados (60 soldados e 100 civis) e 2.162 israelenses.

A segunda intifada começou em 28 de setembro de 2000, depois do fracasso das negociações intermediadas pelo presidente americano Bill Clinton em Camp David, nos Estados Unidos, quando o líder da oposição israelense, Ariel Sharon, visitou a Esplanada das Mesquitas e o Monte do Templo, lugares sagrados para judeus e muçulmanos. Foi até 2006. Pelo menos 215 soldados e 664 civis israelenses, e 3.858 palestinos.

Quando a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a divisão da Palestina e a criação de Israel, em 1947, decidiu que Jerusalém seria uma cidade universal. Mas os países árabes rejeitaram a independência de Israel e iniciaram uma guerra em que Israel ocupou o Oeste de Jerusalém e a Jordânia o Leste.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou a outra metade da cidade, o setor árabe, onde os palestinos sonham em instalar a capital de seu futuro Estado nacional. Israel anexou o setor oriental, unificou a cidade e a declarou sua eterna capital, mas isso nunca foi reconhecido pela sociedade internacional.

Como a Carta da ONU veda a guerra de conquista, a ocupação e a anexação são ilegais à luz do direito internacional e de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Por isso, nenhum país do mundo, à exceção dos EUA de Trump, reconhece Jerusalém como capital de Israel.

O gesto de Trump é mais um jogo de cena para sua plateia, para a direita evangélica, que acredita na versão bíblica de que Deus deu Israel e Jerusalém ao povo judeu, para os bilionários judeus que financiam campanhas eleitorais nos EUA, com quem se comprometeu a transferir a embaixada americana de Telavive para Jerusalém.

Trump agrada à direita israelense e ao primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu, mas, na prática, seu gesto não muda a situação atual, desqualifica dos EUA como mediadores no processo de paz e alimenta uma nova onda de violência.

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