quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

EUA cortam US$ 1,5 trilhão em impostos para os ricos

Na primeira vitória legislativa do governo Donald Trump, o Congresso aprovou ontem e o presidente dos Estados Unidos deve sancionar em janeiro uma reforma fiscal com cortes de impostos de US$ 1,5 trilhão em dez anos. Cerca de 55% dos americanos são contra o projeto, cujos benefícios vão principalmente para o 1% mais rico.

É o maior corte de impostos desde 1986, durante o governo Ronald Reagan (1981-89). Nenhum democrata votou a favor. A nova lei reduz de 35% para 21% a alíquota de imposto de renda das empresas. Também reduz as alíquotas mais altas do imposto de pessoas físicas, sob o argumento de que vai aumentar a competitividade da economia americana e estimular as companhias a repatriar dinheiro depositado no exterior.

O projeto foi aprovado ontem no Senado por 51-49 e hoje na Câmara, por 224-201, em segunda votação, para aprovar as alterações. Os republicanos agradeceram à liderança de Trump, que se vangloriou de promover o maior corte de impostos da história dos EUA.

Durante reunião ministerial em que festejou a vitória, Trump ameaçou cortar a ajuda econômica para os países que votarem contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.

No primeiro momento, os cortes de impostos devem beneficiar a classe média, mas serão apenas temporários. Em médio e longo prazos, os cortes de gastos públicos em saúde e educação, como por exemplo o fim de benefícios fiscais para o crédito universitário, devem pesar no orçamento das famílias de renda média.

A expectativa do Partido Republicano é que o impacto negativo seja neutralizado pelo crescimento e não seja sentido até as eleições intermediárias de 2018, que serão um referendo sobre o governo Trump. Pelos cálculos dos economistas, a reforma deve aumentar a dívida pública federal em pelo menos US$ 1 trilhão em dez anos.

Com seu cinismo e suas mentiras habituais, o presidente afirma que vai pagar mais impostos com a nova lei. Não é verdade. Há benefícios fiscais para milionários e empresários de setor imobiliário como Trump.

Não existe na literatura econômica qualquer evidência empírica que justifique o argumento de que com mais dinheiro as empresas e os ricos vão gastar mais e investir mais, contribuindo assim para o crescimento da economia e a alta nos salários.

Na prática, nenhum empresário vai investir mais se não tiver expectativa de ampliação de seu mercado. Os americanos ricos já têm um padrão de consumo elevadíssimo.

Eleito com um discurso populista de proteção aos trabalhadores brancos sem curso superior, a quem prometeu ser sua voz, Trump faz um governo ultraconservador, um governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos. Os pobres esperam que caiam migalhas do banquete dos poderosos.

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