Nove mil delegados de 186 países discutem nas próximas duas semanas, até 12 de dezembro de 2008, em Poznan, na Polônia, um acordo internacional para substituir a partir de 2013 o Protocolo de Quioto, que expira em 2012.
A Conferência de Poznan faz parte de um processo de negociações sobre mudança do clima iniciado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Aqui, em 1992, foi aprovada a Convenção sobre Mudança do Clima.
Hoje o secretário-executivo da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Yvo de Bör, alertou que as negociações devem estar concluídas até a próxima reunião daqui a um ano em Copenhague. E o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Rasmussen, manifestou a esperança de que a crise financeira global não atrapalhe o combate ao aquecimento global.
Já o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, espera que a próxima reunião de cúpula da União Européia, em 11 e 12 deste mês, chegue a um acordo para uma ação conjunta para conter o agravamento do efeito estufa.
O acordo assinado em 11 de dezembro de 1997 na cidade japonesa de Quioto é um protocolo adicional à convenção aprovada no Rio. Seu objetivo é a "estabilização das concentrações na atmosfera dos gases que provocam o efeito estufa em um nível que evite uma perigosa interferência antropogênica no sistema climático".
Para isso, propõe uma redução de 5,2% em relação aos níveis de 1990 nas emissões de gases que provocam o efeito estufa de 37 países desenvolvidos.
Essas reduções seriam de 8% na União Européia, 7% nos Estados Unidos, 6% no Japão e zero na Rússia. A Austrália conquistou o direito de emitir até 8% e a Islândia 10% a mais.
Os EUA nunca aderiram ao Protocolo de Quioto. Na Rio-92, o presidente George Bush sr. (1989-93) alegou que prejudicaria a economia americana.
Seu sucessor, Bill Clinton (1993-2001) sabia que o protocolo não tinha a menor chance de ser aprovado no Senado, onde os republicanos tinham maioria. Assinou o Protocolo de Quioto como um dos últimos atos de seu governo, jogando a bomba no colo de George Walker Bush (2001-09), que ficou com a má fama.
Claro que Bush merece. Seu governo negou validade à tese científica que atribui ao homem o agravamento do efeito estufa e resistiu o quanto pôde à mudança da matriz energética. Só no fim, aceitou o álcool combustível, compreendendo que a dependência do petróleo importado do Oriente Médio ameaça a segurança nacional dos EUA.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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