A filha do presidente John Fitzgerald Kennedy, Caroline Kennedy, deve ser indicada para o Senado como representante do estado de Nova Iorque na vaga aberta com a nomeação da ex-primeira-dama Hillary Clinton para secretária de Estado do governo Barack Obama, que toma posse em 20 de janeiro.
Caroline é a última sobrevivente do núcleo familiar do presidente Kennedy. Seu irmão, JFK Jr., morreu tragicamente num acidente com um avião que pilotava. Ela sempre foi discreta e o comentário geral é que não tinha ambições políticas.
Ao lado do tio, o senador Ted Kennedy, que luta contra um câncer no cérebro, Caroline apoiou Obama no início do ano, quando ele ainda disputava com Hillary, nas eleições prévias, a candidatura do Partido Democrata à Presidência dos EUA.
Agora, teria sondado o governador de Nova Iorque, responsável pela indicação em caso de vacância do cargo.
Esses arcaísmos da legislação eleitoral americana, como o Colégio Eleitoral que elege o presidente e a escolha sem eleição dos substitutos do presidente eleito Barack Obama e da futura secretária de Estado, Hillary Clinton, são resultados da estabilidade política criada pela Constituição dos EUA.
Como o país não teve ditaduras militares, não foi preciso refundar o país. A grande mudança foi a abolição da escravatura, a Guerra da Secessão (1861-65), até hoje a guerra mais importante da História dos EUA, com mais de 600 mil mortes
É um conflito que até hoje divide o país. Agora, senadores sulistas derrubaram a ajuda para as empresas automobilísticas de Detroit, no Norte, exigindo redução de salários para reduzir o poder dos sindicatos.
As fábricas de automóveis japonesas e coreanas estão no Sul dos EUA, livres da pressão dos sindicatos do Norte.
Toda mudança importante - da abolição da escravatura ao voto feminino e os direitos civis para os negros - foi objeto de muita luta. E o resto não mudou.
No caso do Colégio Eleitoral, que deve ter se reunido clandestinamente em 15 de dezembro, sobrevive por causa do peso relativamente maior que dá aos pequenos estados. Ninguém faz campanha presidencial na Califórnia ou em Nova Iorque porque são redutos tradicionalmente democratas, onde a eleição está decidida, assim como o Texas se tornou vitória certa para os republicanos.
Então, a reta final da campanha é nos estados indefinidos, que têm suas questões específicas, na Flórida, Ohio, Pensilvânia, Virgínia, Indiana. Obama é contra o o fim da sobretaxa sobre a importação de etanol brasileiro para não contrariar os produtores de milho do Meio-Oeste.
Esse sistema que nos parece arcaico e aristocrático, porque reserva a palavra final aos grandes eleitores, aumenta o cacife dos estados menores. Para mudar a Constituição, além de 3/5 dos votos dos votos na Câmara e no Senado, é necessária a aprovação de uma maioria qualificada de estados.
Há uma inércia embutida no sistema. Como dizia Jean Monnet, o pai da União Européia, os homens (líderes) tomam as iniciativas, mas para torná-las permanentes são necessárias instituições. A Constituição Americana criou instituições sólidas, que sobrevivem à sua utilidade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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