sábado, 13 de dezembro de 2008

Japão, China e Coréia querem liderar recuperação

Em uma reunião de cúpula sem precedentes, as três grandes economias do Leste da Ásia prometeram hoje em Fukuoka, no Japão, fazer um esforço conjunto para manter a Ásia como motor do crescimento mundial e liderar a recuperação da economia mundial.

O encontro trilateral da Ásia reuniu os primeiros do Japão, Taro Aso, e da China, Wen Jiabao, e o presidente da Coréia do Sul, Lee Myung Bak.

A China e a Coréia são ex-inimigas históricas do Japão, que ocupou a Coréia de 1910 a 1945, invadiu a região chinesa da Mandchúria em 1931 e o resto da China em 1937, cometendo atrocidades como o massacre de Nanquim, onde teriam sido mortos 200 a 300 mil chineses. Desde 2006, resistiam ao convite para uma reunião de cúpula dos três.

A crise os aproximou. Com o agravamento da situação depois que o Senado dos Estados Unidos negou empréstimos de emergência de US$ 14 bilhões à General Motors e à Ford, o primeiro-ministro do Japão lançou na sexta-feira um plano anticrise no valor equivalente a US$ 255 bilhões. Já tinha anunciado um pacote econômico de US$ 295 bilhões.

Por sua vez, na China, o governo comunista está alarmado com as possíveis conseqüências sociais de uma crise econômica. O país precisa crescer a uma taxa anual de 8% para gerar empregos para 7 milhões de chineses que entram no mercado de trabalho por ano.

Com as exportações caindo pela primeira vez em sete anos e o índice de preços apontando para o risco de deflação, a China lançou um plano de incentivo ao crescimento da ordem de US$ 586 bilhões. Serão obras públicas de infra-estrutura e estímulos ao investimento e o consumo.

A Coréia do Sul também fez sua plano anticrise, mais modesto, de US$ 155 bilhões.

Graças a seus expressivos saldos comerciais, os dois gigantes do Leste da Ásia acumularam, com seus expressivos saldos comerciais, trilhões de dólares em divisas. A China tem cerca de US$ 2 trilhões em reservas cambiais.

O Japão, que vem em segundo com US$ 1,5 trilhão, sacou US$ 100 bilhões de suas reservas para reforçar o caixa do Fundo Monetário Internacional (FMI), para que este tenha mais condições de socorrer países atingidos pela crise financeira global.
Em Fukuoka, Aso aconselhou a China a fazer o mesmo.

A China e o Japão fizeram acordos para troca de moedas, swaps cambiais, no valor de US$ 50 bilhões com a Coréia do Sul. O uom, a moeda sul-coreana, foi duramente atingida pela crise mundial e precisa da garantia de acesso a moedas fortes para estancar a desvalorização.

Lee também levantou a questão do desarmamento do programa nuclear da Coréia do Norte, objeto de uma conferência de paz de seis países (EUA, Coréia do Norte, Coréia do Sul, China, Rússia e Japão). Como Lee é um conservador linha-dura, desde sua posse, no início do ano, as relações Norte-Sul na Península Coreana pioraram.

Aso comentou que os três países precisam cooperar e olhar no mais sentido diante da questão atômica norte-coreana. A China, talvez o país com maior poder de pressão sobre o regime stalinista de Pionguiangue, foi mais discreta.

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