Por unanimidade, o Comitê do Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed), o comitê de política monetária do banco central dos Estados Unidos, decidiu hoje adotar uma política de juro zero, baixando sua taxa básica de 1% para uma faixa de flutuação de zero a 0,25% ao ano. É a menor taxa da história e pela primeira vez é uma banda de flutuação.
Ao justificar a decisão, o Fed argumenta que houve uma deterioração do mercado de trabalho, do investimento, do consumo e da produção industrial.
O Japão adotou uma política de juro zero durante seis anos para combater a deflação e a estagnação econômica do país, com sucesso limitado. Mas o presidente do Fed, Ben Bernanke, um especialista na Grande Depressão (1929-39), está usando todo o arsenal de medidas para movimentar a economia e o crédito.
Ainda neste mês, o Fed vai começar a comprar US$ 600 bilhões em papéis podres, os títulos das dívidas incobráveis do setor financeiro.
Bernanke publicou um livro, Ensaios sobre a Grande Depressão (New Jersey: Princeton University Press, 2000), onde conclui que a depressão é um colapso da demanda agregada, com declínio acentuado da produção e dos preços.
No caso de 1929-39, diz o presidente do banco central americano, "o principal fator que deprimiu a demanda agregada foi uma contração mundial na oferta de moeda. O colapso financeiro foi o resultado de um sistema financeiro internacional tecnicamente falho e mal administrado (o padrão-ouro, como reconstruído depois da Primeira Guerra Mundial)."
Outra observação é que os países que abandonaram o padrão-ouro em 1931, quando as crises cambiais se sucediam, se recuperaram antes. Quem insistiu em manter o padrão-ouro enfrentou mais deflação.
Além desta tese, proposta inicialmente por Barry Eichengreen, outro economista especializado com livros sobre a Grande Depressão, Bernanke examina a contribuição das corridas a bancos e falências de empresas para o estrangulamento do crédito e conseqüentemente para o colapso da economia como um todo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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