O mesmo Congresso que aprovou a destituição do presidente José Manuel Zelaya depois do golpe de 28 de junho de 2009 decidiu ontem rejeitar sua recondução ao cargo, exigida pelo Brasil, a Argentina, a Venezuela e a maioria dos países latino-americanos, que se recusam a reconhecer o resultado das eleições de 29 de novembro.
Pelos acordos de São José e Tegucigalpa, este último fechado em 30 outubro por partidários de Zelaya e do governo golpista liderado por Roberto Micheletti, com mediação do secretário de Estado adjunto dos EUA para a América Latina, a palavra final sobre a restituição do poder ao presidente deposto caberia ao Congresso. Ele acaba de se manifestar, mas nada indica que tenha acabado com a crise.
Depois de mais de seis horas de debate, no início da noite, a votação final registrou 111 votos contra Zelaya e apenas 14 sem seu favor.
O presidente deposto não tem apoio institucional nem popular para retomar o poder. Apesar da convocação para que seus partidários se concentrassem diante do parlamento, compareceram apenas cerca de 200 zelaystas para acompanhar.
Toda a bancada do conservador Partido Nacional, do presidente eleito Porfirio Pepe Lobo, de 55 deputados, ficou contra Zelaya. O Partido Liberal, a que pertencem em tese tanto Zelaya quanto Micheletti, se dividiu.
Ao justificar seus votos, os deputados hondurenhos falaram em "fortalecer a democracia", elogiaram a "lisura" das eleições do domingo passado e denunciaram a interferência estrangeira indevida, citando os presidentes Lula, do Brasil, e especialmente Hugo Chávez, da Venezuela, "que pretendem nos dar lições de democracia sem nunca a terem praticado".
Sem alternativa além de apelar à sociedade internacional, Zelaya pretenderia ficar na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está desde 21 de setembro, até a data da posse de Porfirio Lobo, em 27 de janeiro de 2010.
Os EUA, o Japão, a Colômbia, a Costa Rica, o Panamá e o Peru reconheceram o resultado das eleições de 29 de novembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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