sexta-feira, 29 de maio de 2020

Trump rompe com a OMS e alimenta guerra fria com a China

Em busca de uma desculpa para o fracasso no combate à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 104 mil pessoas nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump rompeu com a Organização Mundial da Saúde (OMS), proibiu a entrada de alguns cidadãos chineses no país e suspendeu as preferências comerciais a Hong Kong. Fomenta uma guerra fria com a China como manobra para melhorar suas chances na eleição presidencial de 3 de novembro.

No jardim da Casa Branca, Trump justificou a ruptura alegando que a agência das Nações Unidas não faz as reformas necessárias. Ele acusou a China de controlar a OMS, embora contribua com apenas US$ 40 milhões de dólares, enquanto os Estados Unidos davam US$ 450 milhões. 

Como a China prometeu US$ 2 bilhões, é possível que tente controlar o resultado de uma investigação sobre a pandemia que a OMS ficou de fazer quando a situação melhorar.

O presidente americano afirma que vidas poderiam ter sido poupadas se a China tivesse agido de maneira responsável quando detectou o primeiro surto, na cidade de Wuhan, e se a OMS não tivesse supostamente ajudado a acobertar a periculosidade da doença. 

Em janeiro, quando assinou um acordo preliminar para promover uma trégua na guerra comercial entre os dois países mais ricos do mundo, Trump elogiou a China e o ditador Xi Jinping pelo combate à doença do novo coronavírus. 

Agora, pressionado pela pandemia, rompeu com a OMS, proibiu a entrada de chineses nos Estados Unidos e cancelou as preferenciais comerciais a Hong Kong, que perdeu a autonomia em relação a Beijim com a nova lei de segurança nacional aprovada na semana passada pelo Congresso Nacional do Povo da China.

O primeiro caso da covid 19 aconteceu na China em 17 de novembro. De início, o regime comunista chinês tendou esconder a doença e minimizar sua gravidade. Avisou a OMS em 31 de dezembro e admitiu que havia transmissão de pessoa para pessoa em 20 de janeiro.

Os EUA tiveram o primeiro caso registrado em 23 de janeiro, mas em 30 de dezembro os serviços secretos americanos haviam advertido Trump para o risco da doença.

Sua reação foi minimizar a gravidade da doença, dizendo que estava tudo sob controle. Quando os EUA tinham 15 casos da covid-19, chegou a declarar que em breve não teria nenhum.

Há 10 dias, o presidente americano dera um mês de prazo para a OMS promover reformas, mas atropelou este prazo.

Hong Kong era uma colônia britânica, um território ocupado desde as Guerras do Ópio, no século 19. Quando a China reassumiu o controle, em 1997, o regime comunista chinês prometeu manter o regime liberal e a economia de mercado durante 50 anos, dentro da fórmula "um país, dois sistemas".

Uma onda de manifestações no ano passado tentou defender a a autonomia de Hong Kong da influência cada vez maior do regime comunista. Um dos centros financeiros mais importantes do mundo, o território é sede de várias empresas internacionais e um canal para captar investimentos estrangeiros para a China.

Ao acabar com a autonomia de Hong Kong, a China prejudica esta função importante, mas há pouco que a sociedade internacional possa fazer para conter a expansão ao território da ditadura de Xi Jinping. 

Xi acabou com o limites de mandatos dos líderes do partido e do governo estabelecida pelo líder Deng Xiaoping, o grande arquiteto das reformas que modernizaram a China e transformaram o país na segunda maior potência mundial, ameaçando a supremacia dos EUA. Virou presidente perpétuo.

Nenhum comentário: