O novo coronavírus pode causar novas ondas de contaminação nos próximos dois anos, talvez até mais fortes do que a atual, adverte um relatório do Centro de Pesquisas sobre Doenças Infecciosas e Política da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, citado pelo jornal israelense The Jerusalem Post.
No primeiro momento, havia uma esperança. Se fosse um vírus como o da gripe, o coronavírus poderia ser enfraquecido pelo calor e a pandemia suavizada no verão. Mas uma análise de oito grandes pandemias desde o século 18 não mostra este padrão sazonal.
O fato de Belém e Manaus, as capitais da Amazônia, terem sido duramente golpeadas, indicam que o coronavírus não perdeu força com o calor.
Sete desapareceram sem intervenção humana significativa, mas tiveram um novo pico seis meses mais tarde. Algumas apresentaram ondas menores até dois anos depois da primeiras. Só uma, em 1968, seguiu o padrão das gripes. Na Europa, a mortalidade foi maior no segundo ano.
As pandemias tendem a durar de um ano e meio a dois anos, quando se desenvolve a chamada imunidade de rebanho, depois que 60% a 70% da população tiveram contato com o vírus e este tem menos indivíduos sem anticorpos para atacar.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde advertiu que só 2% a 3% da população mundial parecem ter sido infectados até agora. Também destacou não haver garantia de que a imunidade persista indefinidamente.
Uma vacina seria a melhor solução, mas talvez não esteja disponível até 2021. Pode surgir em alguns meses ou vários anos. A pandemia da síndrome de deficiência imunológica adquirida (aids) tem 40 anos e ainda não existe vacina. Os doentes tomam um coquetel de drogas que permite conviver com o vírus, mas ninguém quer pegar aids.
"A ideia de que pode ser feita logo desafia a microbiologia", declarou o diretor do centro de pesquisas da Universidade de Minnesota, Mike Osterholm. O relatório, assinado por ele e por Kristine Moore, Marc Lipsitch e John Barry, recomenda aos governos alertar a população de que a pandemia não irá embora rapidamente. As pessoas devem estar preparadas para novas ondas de contaminação nos próximos dois anos.
O estudo levanta três hipóteses. Na primeira, a onda atual será seguida por ondas menores durante um a dois anos. Estas ondas podem variar em diferentes regiões e depender dos esforços de mitigação. Podem exigir novas medidas de confinamento e distanciamento físico.
Na segunda hipótese, a onda atual seria seguida por uma mais forte no outono e no inverno no Hemisfério Norte e ondas menores no segundo ano. As medidas de confinamento teriam de ser aplicadas de novo depois do verão. Os governos teriam de manter planos concretos de contingência. É o que aconteceu na pandemia da gripe espanhola, em 1918.
A terceira possibilidade é que a doença continue sendo transmitida depois desta primeira onda sem um padrão que configure uma segunda onda. Isto não exigiria a volta do confinamento, mas haveria novos casos e mais mortes.
O Dr. Lipsitch chama a atenção para o risco dos países e estados que estão suspendendo as restrições ao movimento das pessoas: "É uma experiência que provavelmente vai custar vidas, especialmente onde for feita sem os devidos cuidados."
Alguns estados tiveram mais casos novos quando as medidas de confinamento foram aliviadas: "É difícil de entender as razões", lamenta o epidemiologista.
No mundo inteiro, o total de casos da pandemia chegou a 3.566.330 casos confirmados, com 248.286 mortes e 1.154.072 pacientes curados. O país mais afetado é os Estados Unidos, com 1.188.122 casos registrados e 68.598 mortes. No Brasil, já são 101.826 casos confirmados e 7.051 mortes.
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