quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Hoje na História do Mundo: 7 de setembro

CRUZADA DOS REIS

    Em 1191, na Terceira Cruzada, o exército muçulmano do sultão Saladino ataca as forcas do rei Ricardo I, da Inglaterra, na Batalha de Arçufe, na Palestina, em marcha de Acre a Jafa. Ricardo Coração de Leão contra-ataca ao entardecer, mas sua marcha rumo a Jerusalém é retardada.

As Cruzadas são uma série de nove expedições militares dos cristãos para tentar reconquistar Jerusalém, tomada pelo califa Omar em 638. 

Jesus Cristo pediu aos seres humanos para se amarem uns aos outros. No Concílio de Clermont, em 27 de novembro de 1095, o papa Urbano II manda matar os infiéis e promete a remissão de todos os pecados para quem for voluntariamente para a guerra contra os muçulmanos.

A Primeira Cruzada (1096-99) é a única a conquistar Jerusalém. Funda em território da Palestina, o Reino Cristão de Jerusalém (1099-1291). 

A Segunda Cruzada (1145-49), anunciada pela Papa Eugênio II, uma reação à queda de Edessa, é a primeira liderada por reis, Luís VII, da França, e Conrado III, dp Sacro Império Romano-Germânico. Os dois exércitos marcham separadamente e são derrotados pelos turcos do Império Seljúcida.

A Terceira Cruzada (1189-92) é a Cruzada dos Reis, de Ricardo I, da Inglaterra, Felipe II, da França, e do sultão Saladino, líder dos muçulmanos. 

Depois da conquista de Acre, Ricardo I quer chegar até o mar, até o porto de Jafa. Em Arçufe, o exército cristão tem 10 mil infantes e 1,2 mil cavaleiros, organizados em 12 regimentos de cavalaria de 100 homens cada, com a infantaria guarnecendo os flancos e besteiros na linha, com flechas muito mais poderosas do que as do inimigo. 

Estima-se que o exército muçulmano seja duas vezes maior, especialmente em cavalaria. O cavalo e o estribo formam a tecnologia militar dominante na Idade Média.

Ricardo resiste ao ataque de Saladino, quando suas forças iam de Acre para Jafa, até receber um reforço dos hospitalários. Ordena então um contra-ataque. Vence a batalha. Isso dá aos cristãos o dominío sobre a costa da região central da Palestina, inclusive o porto de Jafa.

CAMPANHA DA RÚSSIA

    Em 1812, o Grande Exército de Napoleão Bonaparte vence com muitas perdas a Batalha de Borodino contra o exército da Rússia sob o comando do general Mikhail Kutuzov a cerca de 110 quilômetros de Moscou.

Os russos recuam diante da invasão napoleônica, iniciada em 24 de junho, para evitar um confronto direto e se entrincheiram em Borodino para deter o avanção do inimigo rumo a Moscou. São 130 mil soldados de Napolão com 500 tanques contra 120 mil russos com 600 canhões.

Napoleão faz um ataque frontal às seis da manhã. Até o meio-dia, os dois lados avançam e recuam na linha de frente, até que a artilharia dá vantagem à França, mas os russos resistem a sucessivas ofensivas.

O imperador francês não coloca em combate a Guarda Imperial, de 20 mil homens, e mais 10 mil soldados. Como Kutuzov não tem mais homens para entrar em ação, Napoleão perde a oportunidade de ter uma vitória decisiva. 

É uma vitória de Pirro, referência ao general que derrotou Roma duas vezes, em Heracleia (280 AC) e Ásculo (279 AC), mas suas forças sofreram tantas perdas que, ao andar pelo campo de batalha, vaticinou: "Mais uma vitória destas e estou perdido." Perdeu em Malevanto (275 AC), que os romanos rebatizaram de Benevento.

Com os soldados exaustos à tarde, a Batlaha de Borodino continua até a noite com disparos de artilharia.À noite, Kutuzov recua. Napoleão entra em Moscou uma semana depois sem oposição. Os russos recuam e queimam a cidade para que o inimigo fique sem comida e sem abrigo.

Sem conseguir tomar o poder na Rússia, cinco semanas depois, Napoleão se retira, pega as chuvas e o frio do inverno russo russo. É atacado à retaguarda pelos russos, na Batalha de Krasnol, de 15 a 18 de novembro de 1812.

A campanha da Rússia é a sua maior derrota. O Grande Exército de Napoleão invade a Rússia com algo entre 450 e 640 mil soldados, 150 mil cavalos. e 1,4 mil peças de artilharia.  deixa a Rússia em 14 de dezembro. Pelo menos 380 mil morrem. Cerca de 120 mil sobrevivem, 50 mil austríacos, prussianos e outros alemães, 20 mil poloneses e 35 mil franceses. Muitos desertam.

 TIO SAM

    Em 1813, os Estados Unidos ganham seu apelido quando um jornal registra que os soldados que lutavam na Guerra de 1812 contra o Império Britânico chamam de Uncle Sam (Tio Sam) as embalagens de carne que o Exército recebe do comerciante William com US, de United States, escrito na caixa.

O desenho do Tio Sam aí em cima é feito pela primeira em 1870 pelo cartunista Thomas Nest em homenagem ao presidente Abraham Lincoln, um senhor de cabelos brancos e barbicha vestido com as cores da bandeira, azul, vermelho e branco, e uma cartola adornada com uma faixa azul marinho e estrelas brancas.

A pedido das Forças Armadas, em 1917, com a intervenção dos EUA na Primeira Guerra Mundial (1914-18), a imagem é refeita com o slogan "eu quero você". O Tio Sam quer que os norte-americanos se alistem para lutar na Europa.

Desde então, a imagem é associada ao imperialismo e ao militarismo norte-americano. 

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

    Em 1822, sob pressão das cortes portuguesas, que queriam rebaixar o Brasil a colônia, o príncipe-regente Dom Pedro dá o grito às margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo, e proclama: “Independência ou Morte!”

No fim do século 18, há cogitações em Lisboa sobre a conveniência de transferir a sede do governo para o Brasil a fim de não perder sua maior colônia. Isto acontece quando as forças do imperador francês Napoleão Bonaparte invadem Portugal em 1807. Por causa da aliança histórica com o Reino Unido, Portugal não adere ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão ao comércio com os britânicos.

A chegada da família real, em 1808, e a abertura dos portos significam uma independência na prática. Em 1815, depois da derrota de Napoleão, quando as monarquias europeias são restauradas, formam a Santa Aliança e o Concerto Europeu, o Brasil é elevado a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve porque a capital do Império Português não poderia ficar numa colônia.

O Rio de Janeiro é a única cidade do Hemisfério Sul que foi capital de um império que se estendia por quatro continentes: América, África, Europa e Ásia.

Com a Revolução do Porto, em 1820, o rei Dom João VI é pressionado a voltar para Lisboa com toda a máquina administrativa trazida para o Brasil. Volta no ano seguinte, deixando o filho como príncipe-regente. Aí começa a pressão da corte para cortar os privilégios que o país havia obtido como capital do império.

Em 9 de janeiro de 1922, o príncipe Dom Pedro comunica que vai descumprir a ordem da coroa de voltar imediatamente para Portugal. É o Dia do Fico, quando a ruptura com Lisboa se torna inevitável.

A crise se agrava. Com Dom Pedro em São Paulo, a princesa-regente, Dona Leopoldina, preside a uma reunião do Conselho de Estado no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. A futura imperatriz e José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, enviam cartas que Dom Pedro recebe em 7 de setembro às margens do Ipiranga e dá o grito.

O Brasil é um fenômeno único na história. O país se torna independente com a mesma família imperial que está no poder desde a Colônia. É um caso raro de conciliação das elites para manter tudo como está.

UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA

    Em 1860, durante a luta pela unificação da Itália, Giuseppe Garibaldi entra em Nápoles e se declara "ditador das Duas Sicílias".

A Expedição dos Mil é um momento-chave da Segunda Guerra da Independência da Itália, quando os Camisas Vermelhas, sob o comando de Garibaldi, que luta na Revolução Farroupilha (1835-45) e no Uruguai, um especialista em guerra de guerrilhas, desembarcam na Sicília Ocidental e conquistam o Reino das Duas Sicílias, antes dominado pela Dinastia dos Bourbon.

Em 21 e 22 de julho de 1858, o imperador Napoleão III, da França, e o Reino da Sardenha fazem uma aliança com o Império Austro-Húngaro pela independência do Norte da Itália.

 Em março de 1859, as populações do Grão-Ducado da Toscana, do Ducado de Módena e do Ducado de Parma depõem seus governantes e pedem anexação ao Reino da Sardenha, enquanto a Úmbria e Marcas sofrem duram repressão dos Estados Pontifícios, do Vaticano ou Santa Sé.

O primeiro-ministro da Sardenha e futuro primeiro-ministro da Itália Camillo Paolo Filipo Giulio Benso, Conde de Cavour, declara guerra à Áustria em 24 de abril de 1859. A Segunda Guerra da Independência da Itália (1859) termina em julho. 

Ninguém imagina que a Áustria entre em nova guerra menos de um ano depois da Batalha de Solferino, tão sangrenta que deu origem à Cruz Vermelha Internacional para socorrer feridos em guerra.

O Armistício de Villafranca reconhece o Reino da Sardenha e Lombardia, mas não o Vêneto. O Tratado de Turim, de 24 de março de 1860, cede a Saboia e Nice à França, enquanto o movimento nacional italiano ganha a anuência do imperador francês para a anexação da Toscana e da Romanha.

Em 11 de maio de 1860, Garibaldi e os Camisas Vermelhas invadem a Sicília. Três dias depois, ele se proclama ditador. Com a ajuda de uma insurreição popular, toma Palermo de 27 a 30 de maio.

Com o controle da Sicília, Garibaldi passa a planejar o ataque ao continente. Em 19 de agosto desembarca com 20 mil voluntários em Melito di Porto Salvo, na Calábria, no Sul da Itália. Como o rei Francisco II abandona Nápoles, o revolucionário de dois continentes, herói em três países, entra na cidade praticamente sem resistência.

Em 21 de outubro, um referendo aprova a anexação do Reino das Duas Sicílias ao Reino da Sardenha. A unificação da Itália acontece oficialmente em 17 de março de 1861, sob o rei da Sardenha, Vitor Emanuel II, da Dinastia de Saboia.

FIM DA GUERRA DOS BOXERS

    Em 1901, a assinatura de um protocolo acaba com a Guerra dos Boxers, uma revolta anti-imperialista que não consegue expulsar os estrangeiros da China.

A derrota na Guerra Sino-Japonesa de 1894-95 acaba com a milenar ordem sinocêntrica na Ásia. Marca o início da fase terminal do Império Chinês. No Norte, os chineses temem o aumento da influência estrangeira e se ressentem dos privilégios dos missionários cristãos. Em 1898, a região sofre várias catástrofes naturais, como seca e enchente do Rio Amarelo, aumentando o descontentamento.

A Guerra dos Boxers (1899-1901) é uma rebelião antiestrangeiros, anticolonial e anticristã no final da Dinastia Ching travada pela Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, na maioria lutadores de kung fu sem armas de fogo.

A partir de 18 de outubro de 1899, os boxers destroem propriedades estrangeiras como as ferrovias e assassinam cristãos e missionários cristãos. Em junho de 1900, os boxers convertem para Beijim e cerca a cidade. Um exército formado por EUA, Reino Unido, França, Áustria-Hungria, Alemanha, Itália, Rússia e Japão invade a China em 17 de junho.

Em 21 de junho, a imperatriz Cixi baixa um decreto imperial declarando guerra às potências invasoras e manda matar todos os estrangeiros da capital chinesa, inclusive diplomatas. A aliança invasora rompe as defesas de Beijim em 14 de agosto. A cidade é saqueada e pilhada,

O Protocolo Boxer, de 7 de setembro 1901, prevê execução sumária de funcionários públicos que lutam pela rebelião, provisões para as tropas estrangeiras estacionadas em Beijim e 450 milhões de taéis de prata – mais do que a arrecadação anual do governo chinês – de indenização s serem pagos ao longo de 39 anos para as oito potências da aliança.

ENTREGA DO CANAL

   Em 1977, o presidente Jimmy Carter e o ditador Omar Torrijos assinam dois tratados para transferir o controle do Canal do Panamá para os Estados Unidos em 1999.

A companhia francesa que abriu o Canal de Suez inicia a obra do canal para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico em 1880. Quebra por problemas de engenharia e doenças tropicais. O trabalho do médico sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz contra a febre amarela ajudaria a realizar a obra.

O Panamá pertence à Colômbia. Quando o governo colombiano, enfraquecido pela Guerra dos Mil Dias (1899-1902), rejeita a proposta americana, os EUA promovem a independência do Panamá, em 3 de novembro de 1903.

A construção do canal começa em 4 de maio de 1904 e termina em 1913. O canal é inaugurado oficialmente em 15 de agosto de 1914.

O coronel Omar Torrijos, um nacionalista, chega ao poder num golpe militar em 1968, mas conta com apoio popular e negocia a soberania do país sobre o canal e a Zona do Canal, um enclave dos EUA.

Dois tratados garantem a soberania sobre o canal. O primeiro é o Tratado sobre a Neutralidade Permanente e e Operação do Canal, mais conhecido como Tratado da Neutralidade. O segundo é o Tratado do Canal do Panamá, que estabelece que o Panamá assume o controle total do canal a partir do ano 2000.

Ambos foram ratificados por maiores de dois terços em referendo realizado no Panamá em 23 de outubro de 1977. Depois de assumir o controle do canal, o país vive uma era de prosperidade.

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