domingo, 17 de setembro de 2023

Hoje na História do Mundo: 17 de Setembro

 FRANÇA EXPULSA JUDEUS

    Em 1394, o rei Carlos VI ordena a expulsão de todos os judeus da França. 

Com o antissemitismo crescente, os franceses queimam os livros sagrados do judaísmo e cobram impostos discriminatórios dos judeus. Eles são acusados pela pandemia da Peste Negra (1346-53).

Os judeus são expulsos e têm as propriedades confiscadas em 1306. Para voltar, em 1315, precisam pagar. Por uma lei de 1315, os judeus não podem falar de sua religião publicamente, são obrigados a usar um distintivo de identificação como fariam sob o Nazismo e são advertidos contra a usura, uma acusação frequente.

Depois da expulsão de 1394, os judeus só voltam à França no século 18, fugindo da discriminação e perseguição na Europa Oriental. Na época da Revolução Francesa de 1789, há 40 mil judeus na França. A revolução lhes dá os direitos, mas o antissemitismo continua e os judeus franceses são parcialmente exterminados durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), de 1940 a 1944.

Hoje os judeus são 1% da população francesa.

GUERRA DOS TRINTA ANOS

    Em 1631, um exército sueco-saxão sob o comando do rei Gustavo II Adolfo, da Suécia, destrói o exército do imperador Fernando II de Habsburgo, do Sacro Império Romano-Germânico e da Liga Católica na Batalha de Breitenfeld, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), uma guerra mundial com 8 milhões de mortes que chegou ao Brasil.

A tensão criada pela Reforma da Igreja aumenta no início do século 17 com a fundação da União Protestante e da Liga Católica. A guerra começa na Boêmia, hoje República Tcheca, com a Segunda Defenestração de Praga. 

Em 23 de maio de 1618, protestantes revoltados com a destruição de um dos seus templos invadem o Castelo de Praga e jogam pela janela dois ministros e um secretário do rei Fernando II, da Boêmia, futuro imperador do Sacro Império, que só permite uma religião, o catolicismo, na Boêmia e na Morávia.

A grande disputa é entre pequenos Estados e principados alemães católicos e protestantes. A Espanha entra na guerra ao lado do Sacro Império. A Holanda, a Suécia e a Dinamarca apoiam os protestantes. Os católicos levam vantagem na primeira fase, que inclui a Primera Invasão Holandesa no Nordeste (1624-25).

Os protestantes holandeses declaram independência da Espanha em 1581, um ano depois de Portugal e Espanha formarem a União Ibérica, quando a morte do rei Dom Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, deixa o trono português sem herdeiro. É o período da história do Brasil conhecido como Domínio Espanhol (1580-1640)

A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fundada em 1621, ataca Salvador em 9 de maio de 1624 com uma esquadra de 26 navios e 3.400 mil homens sob o comando do almirante Jacob Willekens. Bombardeia a capital colonial do Brasil e a conquista em 24 horas. O governador-geral se refugia no palácio, mas é preso, assina a rendição e é enviado para a Holanda, de onde é libertado em 1626. 

No fim de março de 1625, uma armada luso-espanhola de 52 navios, 14 mii homens e 1.185 armas de fogo. É a maior enviada ao Hemisfério Sul até então. Sob o comando do almirante espanhol Dom Fradique de Toledo y Osorio, inicia a batalha para libertar Salvador do domínio holandês, o que acontece em 1º de maio do mesmo ano.

Na segunda fase da Guerra dos Trinta Anos, o Período Sueco, o poderoso primeiro-ministro da francês, o Cardeal de Richelieu, se alia a Gustavo II da Suécia. A França, um país católico, sente-se cercada pelos Habsburgo da Espanha e do Sacro Império, e se alia aos protestantes.

Gustavo Adolfo desembarca no Norte da Alemanha em 1630 e logo conquista a Pomerânia, mas não consegue impedir a destruição de Madgeburgo em 1631 pelas forças imperiais sob o comando do Conde de Tilly.

Em setembro de 1631, o Sacro Império invade a Saxônia e ocupa Leipzig. O exécito protestante tem 26 mil suecos e 16 mil saxões. Às duas da tarde, o temerário general católico Gottfried zu Pappenheim lança um ataque contra as forças de Johan Baner, seis regimentos de cavalaria com destacamentos de infantaria. É repelido sete vezes.

A cavalaria de Fúrstenberg ataca os saxões, que estão no lado esquerdo da formação dos protestantes. Despreparados, seus soldados debandam logo. Com a saída dos saxões, o Conde de Tilly desvio suas forças para a direita para atacar os protestantes pelo flanco. Mas as brigadas suecas são mais ágeis e bloqueiam a manobra.

Gustavo II vê uma oportunidade e ataca o novo flanco esquerdo de Tilly, onde se concentra a artilharia imperial. Toma parte dessas armas e bombardeia os católicos com seus próprios canhões. O rei da Suécia morre na Batalha de Lützen, em 16 de novembro de 1632.

O Período Sueco vai até 1635, quando começa a terceira e última fase da guerra, o Período Francês. Inicialmente Richelieu não queria entrar em guerra contra a Espanha e a Áustria. Em 19 de maio de 1635, a França declara guerra à Espanha, o outro grande domínio da Dinastia Habsburgo na Europa, ao lado da Áustria e regiões dependentes da Europa Central.

Em 1º de maio de 1640, Richelieu apoia a Revolta de Lisboa, que pede o fim da União Ibérica, do domínio espanhol sobre o Império Português.

No fim da Guerra dos Trinta Anos, a França tem um exército de 100 mil homens aliado das Províncias Unidas dos Países Baixos (Holanda e Bélgica), da Suécia, da Confederação Helvética (Suíça), de principados alemães e alguns Estados italianos.

A Paz da Vestfália é firmada em 24 de outubro de 1648, consagrando o princípio de soberania nacional, com liberdade de culto para católicos e protestantes. A Espanha perde seu império europeu. Deixa de ser a maior potência do continente, lugar ocupado pela França.

ASSINADA CONSTITUIÇÃO DOS EUA

    Em 1787, 38 dos 41 delegados da Convenção Constitucional da Filadélfia assinam a Constituição dos Estados Unidos da América. 


A Convenção Constitucional se reúne de 25 de maio a 17 de setembro de 1787 no Salão da Independência, na Filadélfia, no estado da Pensilvânia, a primeira capital dos EUA, com delegados de 12 dos 13 estados. Rhode Island se nega a enviar representantes. Seu mandato inicial é emendar os Artigos da Confederação, mas isso se mostrou insuficiente para o novo país.

A Constituição dos EUA tem sete artigos divide o governo em três poderes, legislativo, executivo e judiciário, tema dos três primeiros artigos. O artigo 4 dispõe sobre o federalismo e a divisão das competências entre o governo federal e os governos estaduais. O artigo 5 apresenta as regras para emendar a Constituição. O artigo 6 estabelece que a Constituição e as leis federais que dela emanam estão acima das leis estaduais e municipais. O artigo 7 fala sobre a ratificação da carta.

Depois da aprovação na Convenção Constitucional por pelo menos três quintos dos votos, a Constituição dos EUA precisa ser ratificada por pelo menos três quartos dos estados, o que acontece em 1788. A Constituição entre em vigor em 1789.

Logo, começa um debate sobre os direitos e garantias individuais que não estariam na Constituição. São apresentadas 12 emendas. 

Dez são aprovadas a consideradas uma declaração de direitos, entre eles a liberdade de expressão, de religião e de associação para fins pacíficos, o direito de processar o Estado, os direitos de portar armas, de ficar em silêncio em interrogatórios para não se incriminar, de ter um julgamento justo e imparcial, de não perder bens e direitos sem sentença judicial e de não ser submetido a tratamento ou punição cruel ou desumana.

Desde 1787, são aprovadas 27 emendas à Constituição.

GUERRA CIVIL ARGENTINA

    Em 1861, as forças da Província de Buenos Aires, sob o comando do governador Bartolomeu Mitre, vencem o exército da Confederação Argentina, sob a chefia do general Justo José de Urquiza na Batalha de Pavón, na Província de Santa Fé.

É uma batalha decisiva da Guerra Civil Argentina. Mitre é líder dos unitários, que defendem um governo central forte, e se instalam no poder em Buenos Aires depois da derrota do ditador Juan Manuel de Rosas, governador da Província de Buenos Aires (1829-52), talvez o caudilho mais importante da história da América Latina, na Batalha de Monte Caseros, em 1852, na última vez em que o Brasil está em guerra contra a Argentina.

Como o Brasil apoia o general Urquiza contra Rosas, Urquiza espera a mesma ajuda durante o conflito com Mitre, quando lidera os federalistas a favor de autonomia regional. Sua derrota marca o fim da Confederação Argentina e a reincorporação de Buenos Aires como a capital do país.

Sem reconhecer o governo Mitre, Urquiza fica no Paraguai, onde se alia ao ditador Francisco Solano López, que deflagra a Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), em que Mitre é o comandante militar da Argentina.

URSS INVADE A POLÔNIA

    Em 1939, a União Soviética invade o Leste da Polônia depois que o ministro do Exterior soviético, Viacheslav Molotov, declara que o governo polonês não existe mais, 17 dias depois da invasão do país pela Alemanha Nazista, no início da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

As duas invasões são resultado do Pacto Germano-Soviético, um pacto de não agressão firmado entre Adolf Hitler e Josef Stalin em 23 de agosto de 1939.

Com a invasão nazista, o Exército da Polônia recua e vai para o lado ocupado pela URSS, que prende todos os militares e policiais, e parte dos funcionários públicos civis, quase 22 mil homens. Todos são executados pela polícia política stalinista, a NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), no Massacre da Floresta de Katyn, em abril e maio de 1940.

Quando Hitler rompe o pacto de não agressão e invade a URSS, em 22 de junho de 1941, e a URSS entra na guerra ao lado dos aliados, o governo polonês no exílio pede a libertação dos 22 mil compatriotas. Em 1943, a Alemanha descobre os cemitérios clandestinos. A URSS culpa os nazistas. 

Só em 1990, com a abertura democrática promovida pelo líder Mikhail Gorbachev (1985-91), a URSS admitiu a responsabilidade pelo Massacre de Katyn.

THE WHO DETONA

    Em 1967, no fim de uma apresentação da explosiva banda de rock britânica The Who com música My Generation na televisão americana, o baterista Keith Moon detona uma bomba que deixa o cabelo do guitarrista Pete Townshend chamuscado, estilhaços no braço do próprio Moon e tira do ar o show The Smothers Brothers Comedy Hour.

Ao apresentar The Who no Festival de Monterrey três meses antes, Eric Burdon, da banda The Animals, avisa: "É um grupo que vai destruir você de várias maneiras." O som baixo do festival não permitiu a The Who mostrar a força de sua explosão musical, mas a destruição da guitarra por Townshend estimulou Jimi Hendrix a queimar a sua.

O programa é cultural e politicamente subversivo. Durante três anos, is irmãos Tommy e Dick travam um duelo com a direção da rede de TV CBS para apresentar convidados antiestablishment

The Who não era politizado, mas com My Generation e o verso "espero morrer antes de envelhecer" se tornou porta-voz da juventude no conflito de gerações dos anos 1960. Gosta de tocar com som no volume máximo e de destruir os instrumentos e o palco, deixando o local arrasado como se tivesse explodido uma bomba.

Keith Moon tinha o hábito de colocar explosivos nos dois bumbos de sua bateria. Naquele dia, bota o dobro da carga.


ACORDOS DE CAMP DAVID

    Em 1978, o presidente do Egito, Anuar Sadat, e o primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, assinam acordos de paz intermediados pelos Estados Unidos durante o governo Jimmy Carter (1977-81).



A Assembleia Geral das Nações Unidas aprova em outubro de 1947, a divisão do território histórico da Palestina, que está sob administração do Império Britânico, com mandato da Liga das Nações, entre um país árabe e outro judeu. 

Como os árabes não aceitam a criação de Israel, quando o país é fundado, em 14 de maio de 1948, os vizinhos árabes invadem no dia seguinte. A Guerra de Independência de Israel vai até 10 de março de 1949.

Quando o ditador do Egito, Gamal Abdel Nasser, nacionaliza o Canal de Suez, em 1956, a França e o Reino Unido declaram guerra com o apoio de Israel. Os EUA ameaçam retirar o apoio do FMI à libra esterlina e ao franco francês, ainda abalados pela Segunda Guerra Mundial. A guerra acaba e o Egito fica com o canal.

Em 5 de junho de 1967, depois de Nasser ameaçar fechar o canal, Israel bombardeia as forças aéreas do Egito, da Síria e da Jordânia no solo, domina o espaço aérea e obtém uma vitória rápida na Guerra dos Seis Dias. Ocupa a Península do Sinai e a Faixa de Gaza, do Egito; as Colinas do Golã, da Síria; e a Cisjordânia, inclusive o setor oriental (árabe) de Jerusalém, que era da Jordânia.

Desde então, a questão dos territórios árabes ocupados e de um Estado palestino são obstáculos à paz no Oriente Médio. A Guerra do Yom Kippur (1973) é a maior empreitada militar árabe da era moderna. Começa com a invasão do Sinai, o maior objetivo do Egito. Mas os EUA dão apoio decisivo a Israel com a maior ponte aérea militar da história.

Em 32 dias, os EUA entregam 22.325 toneladas de equipamentos militares, tanques, artilharia, munição e suprimentos diretamente no campo de batalha, duas vezes mais do que a União Soviética conseguiu fazer com seus aliados árabes.

O ditador egípcio, Anuar Sadat, chegou a dizer: "Posso lutar uma guerra contra Israel, mas não contra os EUA."

Com superioridade aérea, Israel cerca o 3º Exército do Egito no Sinai. Está prestes a destruí-lo quando a URSS ameaça intervir e entra em alerta nuclear para o caso de guerra contra os EUA. É o único alerta nuclear sovíético conhecido durante a Guerra Fria.

Em retaliação contra os países que apoiam Israel, os países árabes exportadores de petróleo, sob a liderança da Arábia Saudita, aprovam um embargo à venda de petróleo ao Ocidente. É o início da Primeira Crise do Petróleo (1973), que quadruplica os preços em curto prazo e acaba com o modelo econômico da ditadura militar brasileira, baseado em energia e mão de obra baratas.

Sem conseguir recuperar o Sinai militarmente, Sadat abandona a aliança do Egito com a URSS, se aproxima dos EUA e visita Israel de 19 a 21 de novembro de 1977. O Egito tem a maior população e o maior Exército do mundo árabe. Há um provérbio no Oriente Médio que diz: "Não há guerra sem o Egito nem paz sem a Síria."

Nos Acordos de Camp David, os dois países se reconhecem mutuamente, acaba o estado de guerra permanente que vem desde 1948, Israel se retira da Peninsula do Sinai, mas ganha direito de passagem pelo Canal de Suez, enquanto o Golfo de Ácaba e o Estreito de Tiran são declarados águas internacionais.

Israel negocia os Acordos de Oslo com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que leva à criação da Autoridade Nacional Palestina, e faz a paz com a Jordânia em 1994. 

Mais recentemente, em 2020, nos Acordos Abraão, Israel estabelece relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, e depois com o Marrocos e o Sudão. Está em negociações com a Arábia Saudita mediadas pelos EUA. Mas o processo de paz com os palestinos foi abandonado pela direita de Israel. Agora, com ministros de extrema direita que falam em anexar a Cisjordânia,  

OCUPE WALL STREET

    Em 2011, centenas de ativistas se reúnem na área do Parque Zucotti, na Baixa Manhatan, para lançar o movimento Ocupe Wall Street em protesto contra a corrupção empresarial e a desigualdade social nos Estados Unidos e no mundo. 

O movimento é resultado da crise econômico-financeira global chamada de Grande Recessão (2007-9), que na Zona do Euro se prolonga até 2014. Os editores da revista anticonsumismo Adbusters se inspiraram nas multidões que saem as ruas naquele ano na Primavera Árabe e decidem convocar o protesto em 13 de julho.

Como a polícia fica sabendo e bloqueia Wall Street, os manifestantes mudam o local da concentração para o Parque Zucotti. Durante 58 dias, manifestantes mantiveram a vigília. E o slogan "somos 99%" numa crítica ao 1% mais rico e à desigualdade social ficou marcada como ideia central, legado do movimento contra a ganância.

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